Para as mulheres, amamentar seus bebês em espaços públicos ainda causa muito desconforto. Embora muitas mães digam praticar a amamentação em locais abertos, elas costumam usar um pano para cobrir a cena e, dessa forma, criar uma esfera privada para que ninguém olhe para as mamas.
A conclusão é parte do estudo A percepção da mulher sobre os espaços para amamentar: suporte na Teoria Interativa de Amamentação, publicado na última edição da “Revista Mineira de Enfermagem”. A pesquisa qualitativa foi coordenada por Cândida Caniçali Primo, do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), e ouviu 30 mulheres na maternidade de um hospital universitário capixaba.
“Isso mostra que temos um problema cultural, que é preciso trabalhar na sociedade o olhar de que o peito da mulher que está amamentando é o peito de uma mãe provendo nutrição”, comenta Primo sobre o principal resultado da pesquisa.
Nova cultura social
A cientista trabalha com o tema há 15 anos e diz que para a amamentação ser bem-sucedida, é preciso uma interação completa, que envolve a mãe, o bebê e o ambiente onde estão. “O espaço público ainda é algo a ser conquistado. Não se tratam de leis – elas existem no Brasil e dão total legalidade à amamentação nesses espaços. A questão é o conforto da mulher”, pontua Primo.
O estudo, desenvolvido no âmbito do projeto de extensão “Amamentar”, da Ufes, ressalta ainda os benefícios já comprovados pela ciência do leite materno: ajuda no desenvolvimento rápido da criança, aumenta a resistência imunológica e a segurança emocional. “É por isso que precisamos trabalhar nessa construção social que mostre que amamentar é algo natural, que é importante para o bebê até os seis meses de vida dele”, comenta Primo sobre a importância da investigação científica.