Quem trabalha no período noturno, principalmente mulheres, tem maior chance de desenvolver diabetes tipo 2, doença normalmente associada a sobrepeso, hábitos alimentares não saudáveis e sedentarismo, de acordo com estudo brasileiro publicado na revista científica “Archives of Endocrinology and Metabolism” publicada em outubro de 2019.
O estudo foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) do Rio de Janeiro, da Universidade Federal do Fluminense (UFF) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Motivados para entender o que leva ao aumento de níveis glicêmicos em trabalhadores noturnos, os pesquisadores usaram dados do Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto (ELSA – Brasil) para comparar hábitos de 10.396 trabalhadores que atuam em turnos diurnos e trabalhadores expostos a turnos noturnos. Essa base reúne dados de saúde de servidores públicos de 35 a 74 anos de cinco universidades e um instituto de pesquisa de seis cidades brasileiras. Dados sobre hábitos de consumo de alimentos, de álcool e cigarro, frequência de atividade física, circunferência abdominal, número de horas e turno de trabalho foram cruzados com informações clínicas de nível glicêmico desses trabalhadores.
Maior acompanhamento à saúde
A pesquisa dá um passo importante para compreender o trabalho noturno como fator de risco para o diabetes tipo 2 ao avaliar dados epidemiológicos de um grupo de servidores públicos brasileiros. O estudo contribui ainda com pesquisas internacionais sobre o tema, cujos resultados ainda não são conclusivos. Para avançar ainda mais, será preciso investigar as diferenças entre gênero relacionadas ao trabalho noturno e diabetes. Queixas relacionadas ao sono e estresse no trabalho podem ser variáveis incluídas em futuras pesquisas.
A descoberta sugere a órgãos de saúde um delineamento de programas de rastreamento e monitoramento de problemas metabólicos focados na saúde de trabalhadores noturnos para reduzir a incidência da diabetes neste grupo. Além disso, os resultados da pesquisa podem pautar debates sobre o tempo de exposição ao trabalho noturno da população brasileira. Hoje, uma parcela significativa de trabalhadores brasileiros está nesta situação.
Diabetes é uma doença causada pela produção insuficiente ou má absorção de insulina, hormônio que regula a glicose no sangue e garante energia para o organismo. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, mais de 13 milhões de brasileiros vivem com a doença em seus diferentes tipos.