22 de setembro de 2020 Salvar link Foto: Fernando Crispim / Amazônia Real - Fotos públicas
Medicina e Saúde

Highlights

  • 62% dos óbitos de pessoas identificadas como indígenas nas bases oficiais estão na Amazônia Legal
  • 82% dos estados são transparentes com relação ao quesito Raça/Cor, número que cai para 58% nas capitais; se considerada apenas a região da Amazônia Legal, esses valores caem para 78% e 44%, respectivamente
  • Nos estados da Amazônia Legal, apenas 56% dos estados e 22% das capitais divulgam indicadores de etnias indígenas

Depois de mais de seis meses do início da pandemia no Brasil, o país ainda não conhece a real extensão do impacto da Covid-19 entre sua população indígena. Isso acontece porque ainda falta transparência nos dados divulgados pelas secretarias municipais e estaduais de saúde. Um a cada quatro casos de Covid-19 e SRAG suspeitos ainda não informa raça/cor, apesar de ser item obrigatório. A omissão dos dados de etnias indígenas é bem maior quando comparada a outros indicadores de raça/cor – apenas 57% dos estados e 15% das capitais brasileiras divulgam o dado. As informações são de relatório especial da Open Knowledge Brasil (OKBR), publicado nesta terça (22).

Nesta primeira edição de uma série de boletins especiais sobre a Amazônia, a OKBR aponta os problemas de gestão da informação e de falta de transparência que dificultam o atendimento a essas populações. A série tem apoio da Hivos, por meio de sua iniciativa Todos os Olhos na Amazônia.

A Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) contabiliza 426 mortes, mas não considera indígenas que vivem fora de terras homologadas. Na base de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), que inclui os casos graves de Covid-19 que levaram à hospitalização, estão registrados 529 óbitos de pessoas registradas como indígenas em todo o país, em 183 municípios. Há, ainda, 106 mortes por SRAG de tipo “não especificado” entre indígenas, ou seja, pessoas que tiveram sintomas semelhantes aos provocados pela Covid-19, mas não houve testagem para confirmar a doença.

Ainda que somados, esses números oficiais podem estar subestimados por pelo menos três motivos: (i) não consideram óbitos existentes entre as notificações registradas no eSUS-Notifica, onde estão os casos inicialmente considerados leves e sem hospitalização; (ii) os registros de Raça/Cor podem ser inconsistentes (por exemplo, um indígena pode ser classificado como “pardo”); (iii) um quarto da base completa de casos (25%) ainda não tem especificado o campo Raça/Cor, seja por falta de preenchimento ou por classificar o caso como “ignorado”.

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Fonte: Agência Bori

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Publicado na Bori em 22/9/2020, 21:00 – Atualizado em 21/2/2021, 13:30