11 de fevereiro de 2020 Salvar link Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
Medicina e Saúde
Imigrantes venezuelanos cruzam a fronteira com o Brasil.

Highlights

  • Dados analisados mostram maior prevalência de leishmaniose e de malária entre venezuelanos em Pacaraima em comparação aos brasileiros
  • Informações fornecem subsídios para que Brasil possa investir em políticas públicas de fronteira
  • Até 2019, mais de 21 mil venezuelanos foram reconhecidos como refugiados

A crise na Venezuela forçou o deslocamento massivo de parte de sua população para o Brasil, e Pacaraima, em Roraima, foi uma das primeiras cidades a lidar com a migração. Motivados a investigar a incidência de doenças infecciosas na população de migrantes, pesquisadores brasileiros constataram que leishmaniose, malária e infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como HIV/Aids, são as enfermidades mais comuns entre venezuelanos recém-chegados, com ocorrência maior se comparada à população brasileira moradora do município de fronteira.

Esses foram os resultados de estudo de pesquisadores da Universidade Estadual de Roraima publicado em novembro de 2019 da revista científica “Brazilian Journal of Infectious Diseases”. Os cientistas compararam dados de brasileiros e venezuelanos do Sistema de Informação de Agravos e Notificação (SINAN) coletados entre 2015 e 2017 em Pacaraima. Esse sistema reúne notificações sobre doenças registradas pelos profissionais de saúde durante o atendimento de pacientes em serviços de saúde pública.

Um total de 6.252 atendimentos médicos foram analisados, contabilizando 3.553 de brasileiros e 2.699 de venezuelanos. Os pesquisadores fizeram descrições estatísticas desses dados e verificaram uma maior presença de leishmaniose (207 casos venezuelanos contra 65 brasileiros), malária – a maior quantidade de notificações, sendo 2.545 venezuelanas e 1.590 brasileiras – e de infecções sexualmente transmissíveis como HIV/Aids (25 casos venezuelanos contra oito brasileiros). Entre os brasileiros, era mais comum casos de hepatite viral (39 contra apenas uma ocorrência venezuelana).

Vigilância na fronteira

As informações de prevalência de infecções entre migrantes venezuelanos fornecem subsídios para que o governo brasileiro possa investir em políticas públicas de fronteira em atenção à essa população. Ações de educação sexual e prevenção podem ser planejadas para evitar a expansão dos índices de contaminação em Pacaraima e em outras cidades de Roraima, além de eliminar mosquitos transmissores de leishmaniose e malária para evitar que esses quadros evoluam para um cenário de epidemias.

O estudo mostra à ciência brasileira a importância do SINAN para vigilância epidemiológica de imigrantes venezuelanos. Segundo o pesquisador Mário Maciel de Lima Júnior, os próximos passos envolvem avaliar os índices dessas doenças no estado de Roraima e traçar seu perfil epidemiológico e rota migratória até a cidade de Manaus.

De acordo com último relatório do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), ligado ao Ministério da Justiça do Brasil, foram concedidas a condição de refugiados a 21.432 venezuelanos que se estabeleceram no país após fugirem da crise econômica e da instabilidade política que afetam o território vizinho.

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Fonte: Agência Bori

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Publicado na Bori em 11/2/2020, 14:30 – Atualizado em 21/2/2021, 13:40