7 de março de 2022 Salvar link Foto: Engin Akyurt / unsplash
Medicina e Saúde

Highlights

 

  • Estudo avaliou notícias e publicações sobre Diabetes Mellitus e Covid-19 veiculadas no Twitter e nos sites do Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira de Diabetes
  • Das 110 publicações analisadas, nenhuma tinha fontes referenciadas
  • 80% das notícias veiculadas no Twitter continham informações falsas sobre as doenças e tratamentos associados

A maioria das informações sobre Covid-19 e Diabetes Mellitus divulgadas no Twitter são falsas. É o que aponta pesquisa documental e bibliográfica realizada por pesquisadoras da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP) publicada na segunda (7), na revista “Escola Anna Nery”.

As autoras realizaram um levantamento de publicações veiculadas na rede social Twitter e nos sites do MS e da Sociedade Brasileira de Diabetes. Foram selecionados tweets dos períodos de dezembro de 2019, janeiro a março e setembro a dezembro de 2020 e conteúdos das páginas oficiais dos órgãos competentes. Essas notícias passaram por uma extensa triagem de inclusão/exclusão e foram subdivididas em categorias temáticas: alimentos e substâncias; condição socioeconômica; medicações; Covid-19 e diabetes; gravidade e fatores de risco. A partir da análise e discussão das postagens à luz das evidências científicas, o estudo avaliou se as informações difundidas por esses canais eram falsas, verdadeiras, equivocadas ou em estudo. É importante ressaltar que a literatura utilizada para a classificação foram evidencias cientificas publicadas até janeiro de 2021 e que o conhecimento sobre a Covid-19 ainda está em curso, com muitas pesquisas sendo realizadas.

A análise detectou que a maioria das notícias veiculadas no Twitter continham informações erradas e sem referências de artigos científicos. Dentre as 110 publicações analisadas, apenas 9 – o que representa 8.1% – foram consideradas verdadeiras. Das informações verificadas pelo site do MS, por exemplo, estão notícias que alguns alimentos e substâncias específicos poderiam prevenir ou até curar a Covid-19, como café, chá de limão com bicarbonato quente e óleo consagrado.

Notícias que envolvem descontinuidade do uso de medicamentos que mantêm a diabetes sob controle ou ingestão de certo tipo de substância podem representar perigo para a saúde de pessoas com diabetes, um dos grupos mais vulneráveis para a Covid-19. “As desinformações podem ser agressivas, não só para pessoas com diabetes, mas para a população de forma geral”, alerta Thalita Ribeiro, uma das autoras do artigo.

O trabalho evidencia o potencial das mídias sociais em informar a população e destaca que esse canal deveria ser pelos profissionais da saúde, cientistas e comunicadores para a difusão de informações amparadas por evidências científicas. Além disso, Ribeiro relembra a necessidade da adaptação da linguagem desses atores para alcançar a compreensão da sociedade.

Segundo o artigo, também é importante que a população saiba diferenciar informações baseadas em evidências de opiniões, mas que essa distinção no consumo de notícias pode ser difícil para pessoas que não são da área. “Precisamos adequar não só a nossa linguagem, mas de fato criar políticas públicas para alcançar as pessoas e fazer um letramento em saúde”, propõe Ribeiro.

 

** Texto revisado e modificado pela editora de conteúdo em 7/09/2022.

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Fonte: Agência Bori

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Publicado na Bori em 7/3/2022, 23:45 – Atualizado em 10/12/2022, 12:29