Os brasileiros comem cada vez mais fora de casa ou por delivery, resultando em um maior consumo de alimentos ultraprocessados, congelados ou enlatados.

Isso é consequência do aumento da jornada de trabalho, inovações tecnológicas na produção e armazenamento de alimentos e redução do tempo para cozinhar.

É o que mostra o pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em novo relatório lançado pelo Grupo de Pesquisa em Sociologia das Práticas Alimentares (SOPAS).

Segundo dados do IBGE, em média, o tempo dedicado a afazeres domésticos (incluindo cozinhar) é em torno de 18,5 horas semanais para mulheres e 10,4 para homens. Já em 2001, esses números eram 29 horas semanais para mulheres e 11 para homens.

Por isso, o estudo discute a necessidade de pensar a alimentação como um processo resultante de várias práticas que surgem em função das mudanças na rotina alimentar. Ou seja, reconhecer que a alimentação se adaptou às novas necessidades e deixou de ser apenas um produto.

“Uma análise como essa nos permite ir além da dicotomia de cozinhar do zero ou comprar a comida congelada e entender que a prática de cozinhar envolve diferentes graus de conveniência da comida. É possível comer bem e de forma rápida uma comida congelada, desde que seja nutricionalmente adequada e esteja disponível”, disse Maycon Schubert, autor da pesquisa.