12 de agosto de 2024 Salvar link Foto: Freepik
Medicina e Saúde
Criado por uma equipe multidisciplinar, sistema foi testado e aprovado por profissionais de unidades de saúde de municípios do Vale do Mucuri (MG)

Highlights

  • Estudo de pesquisadores do Sudeste e Sul desenvolveu e testou em unidades de atenção primária de saúde aplicativo para diagnóstico de hipertensão e diabetes
  • Tecnologia identifica pacientes em risco de desenvolver essas doenças e direciona para próximas etapas de diagnóstico
  • Sistema pode aprimorar tomadas de decisão de profissionais da saúde na rede pública, em regiões com acesso limitado aos serviços de saúde

 

 

Um aplicativo para profissionais de saúde para dispositivos móveis, como celulares e tablets, pode tornar o diagnóstico de hipertensão e diabetes mais eficiente, preciso e rápido. Desenvolvida e testada em um estudo do Centro de Telessaúde do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em parceria com a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e o Instituto de Avaliação de Tecnologias em Saúde (IATS), do Rio Grande do Sul, a tecnologia promete contribuir para investigações clínicas mais acessíveis e assertivas dessas doenças. Seu teste está descrito em artigo publicado na segunda (12), na revista científica “International Journal of Cardiovascular Sciences”.

Chamada de Sistema de Suporte à Decisão Computadorizado para Triagem de Hipertensão e Diabetes, a tecnologia tem a capacidade de personalizar o atendimento a pacientes suspeitos de hipertensão ou diabetes. Ela monta um fluxograma de rastreamento dessas doenças a partir de dados do paciente, como peso, estatura e pressão arterial, coletados pelo médico ou enfermeiro. A partir disso, o aplicativo indica se o paciente deve ou não continuar a ser monitorado nas etapas seguintes.

Isso pode facilitar o diagnóstico e o acompanhamento de pacientes em áreas remotas. Hoje, segundo observam os pesquisadores, muitos deles acabam desassistidos por dificuldade de acesso às unidades ou baixa adesão aos cuidados de saúde.

O sistema foi criado por uma equipe multidisciplinar de profissionais de saúde e de tecnologia da informação, que identificou que a população do Vale do Mucuri, no nordeste de Minas Gerais, tinha pouco acesso a serviços especializados e tratamentos de saúde. Entre abril de 2017 e outubro de 2018, mais de 18 mil pacientes foram avaliados com o auxílio do aplicativo, em 34 unidades de saúde primária de dez municípios dessa região, resultando no diagnóstico de 225 casos de hipertensão ou diabetes.

A facilidade de uso do aplicativo foi um dos pontos positivos apontados pelos testes. Entre 258 profissionais de saúde que usaram o programa, 85% concordaram que o software é fácil de usar, enquanto 78% recomendariam a plataforma para seus colegas.

Para Laura Defensor Ribeiro de Melo, autora do estudo, uma das vantagens do sistema é a mobilidade. “O fato de ser um software disponível para dispositivos móveis favorece o acesso a pacientes que, por algum motivo, não podem se deslocar às unidades assistenciais”, comenta. Durante os testes, o aplicativo foi eficaz nas unidades de saúde e, também, em feiras de saúde e visitas domiciliares — mesmo sem conexão de internet.

A pesquisadora também ressalta a integração de dados como um diferencial. “O sistema é capaz de integrar informações inseridas em dispositivos distintos, facilitando o resgate de dados por diferentes profissionais durante toda a etapa do rastreamento”, explica.

De acordo com Melo, ao apoiar a tomada de decisão de profissionais em relação ao diagnóstico de hipertensão ou diabetes, o aplicativo pode colaborar para melhorar a qualidade de vida desses pacientes. “O diagnóstico precoce dessas doenças, crônicas e silenciosas, permite o manejo clínico antecipado e a prevenção de complicações a longo prazo”, diz. Ela salienta que tanto a hipertensão como a diabetes são fatores de risco para doenças cardiovasculares, principal causa de morte no Brasil e no mundo.

O trabalho indica que o sistema visa aprimorar a prevenção e tratamento dessas doenças na rede pública de saúde, principalmente, em áreas remotas. Ainda falta, no entanto, avaliar os benefícios financeiros da tecnologia, o que já está programado como próximo passo da pesquisa. “Para sustentar a possibilidade de agregação da plataforma aos sistemas de saúde, é crucial medir a economia orçamentária potencial decorrente do rastreamento precoce, manejo assertivo, mitigação de complicações e melhoria da qualidade de vida dos pacientes”, finaliza Melo.

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Fonte: Agência Bori

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Publicado na Bori em 12/8/2024, 23:45 – Atualizado em 29/8/2024, 12:27