11 de fevereiro de 2020 Salvar link Foto: P. S. Sena / Wikimedia Commons
Amazônia
Cooperação ocorreu em torno da extração da castanha-do-pará

Highlights

  • Estudo analisou Iniciativas públicas e privadas em torno da extração de castanha-do-pará
  • Cooperação contribui para redução de vulnerabilidades sociais de comunidades
  • ‘Paragovernança’ nasce do vácuo de ações do Poder Público na região

Após uma imersão na vida da comunidade do Assentamento Vale do Amanhecer (AVA), na Amazônia mato-grossense, pesquisadores brasileiros identificaram que o trabalho em rede entre iniciativas públicas e privadas em torno da extração e do processamento da castanha-do-pará ajudou a reduzir a vulnerabilidade social local. Os resultados da análise feita pela Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) e pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) foram publicados em janeiro na “Revista Brasileira de Gestão de Negócios”.

Único assentamento do Mato Grosso com reserva legal certificada para a prática de extrativismo da castanha-do-pará, o AVA foi formado em 1998 para cerca de 250 famílias e é considerado modelo por iniciativas como a Cooperativa dos Agricultores do Vale do Amanhecer (Coopavam). “Em ambientes precários, cujos atores individuais têm importantes limitações para melhorar suas condições sociais e econômicas, a cooperação se torna um mecanismo relevante, particularmente no que diz respeito ao acesso e à complementaridade de recursos escassos. Esse é o casa do AVA”, conta Ana Maria de Lima, professora da Unemat e coordenadora da pesquisa.

Formada em 2008, a Coopavam conta com o suporte de órgãos do poder público – entre eles, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), responsável por apoiar os produtores rurais na elaboração de projetos para a venda de alimentos. A Conab compra aquilo que a cooperativa produz, entre castanhas e seus derivados, óleo e farinha, que são distribuídos em escolas de sete cidades do entorno.

Conexões sustentáveis

O trabalho envolveu imersões exploratórias dos pesquisadores no cotidiano do assentamento para identificar os principais envolvidos nos acordos colaborativos existentes na comunidade amazônica. Em 2015, foram realizadas gravações de entrevistas formais e anotações de conversas em atividades coletivas, como reuniões, cursos e encontros sociais – incluindo aldeias indígenas dos Murunduku, Caiaby e Apiaká. Também foram analisados documentos resultantes das atividades de cooperação.

O AVA recebe recursos de projetos apresentados pela Coopavam e pela Associação de Mulheres Cantinho da Amazônia (Amca) por meio de editais de licitação. As principais agências de fomento são a Petrobras e o Banco da Amazônia, que funcionam como parceiros de cofinanciamento de atividades para atender metas sociais. As associações indígenas Acaim, Passapkareej, Kawaieté e Instituto Munduruku também mantêm um relacionamento próximo, mediando o diálogo entre a Coopavam e as aldeias, organizando a recepção e a venda da castanha e distribuindo os recursos recebidos entre os indígenas que trabalham na extração do produto. Da iniciativa privada, Natura e Mãe Terra são os principais clientes e apoiadores.

“A vulnerabilidade na região amazônica força comunidades à cooperação para sobrevivência em atividades como extrativismo. O estudo mostra como a paragovernança é fundamental para a região, que não recebe atenção do poder público. Pode ser um exemplo para várias regiões – além de um incentivo para a economia solidária”, acredita Ana Maria de Lima.

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Fonte: Agência Bori

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Publicado na Bori em 11/2/2020, 14:40 – Atualizado em 9/2/2022, 8:17