26 de julho de 2022 Salvar link Foto: Raquel Portugal / Fiocruz Imagens
Ambiente

Highlights

  • A quantidade e a proximidade de mata antiga em relação às áreas de restauração afetam a riqueza de espécies, a biodiversidade e a capacidade de capturar o carbono em excesso da atmosfera
  • Para alcançar metas globais de biodiversidade e benefícios do ecossistema ao ser humano é essencial combater as mudanças climáticas
  • Estudo foi realizado nos municípios de Antonina e Guaraqueçaba, no Paraná, região conservada, de 300 mil hectares, com florestas, estuários, baías e ilhas

Para recuperar a biodiversidade e os benefícios ecossistêmicos da mata tropical não basta restaurá-la. É necessário investir na conservação das florestas já existentes, inclusive para garantir o sucesso da restauração. A quantidade e a proximidade de mata antiga em relação às áreas de restauração afetam a riqueza de espécies, a biodiversidade e a capacidade de capturar o carbono da atmosfera. As conclusões são de pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) e estão publicadas na edição de terça (26) do Journal of Applied Ecology.

O estudo foi realizado em uma das regiões de Mata Atlântica remanescente mais importantes do Brasil, na costa sul do Paraná, em que há um programa de restauração promovido pela SPVS desde 2000. A área envolve os municípios de Antonina e Guaraqueçaba, uma região bem conservada, de 300 mil hectares, com florestas, estuários, baías e ilhas.

Os pesquisadores coletaram amostras e analisaram imagens de 65 áreas, acompanhando, desde 2010, estratégias de restauração utilizadas e outras características ambientais. Com a preocupação acerca da degradação de áreas tropicais por atividades humanas, os esforços têm se voltado à restauração, com foco inclusive na chamada Década das Nações Unidas de Restauração do Ecossistema (2021-2030). Há grandes expectativas de melhorar a subsistência das pessoas, combater as mudanças climáticas e deter o colapso da biodiversidade por meio de restauração de áreas desmatadas.

Segundo os autores, a restauração não pode ser planejada sem estar alinhada às estratégias de conservação sendo, portanto, necessário fortalecer as ações capazes de inibir o processo de degradação dos ecossistemas. Ainda segundo os autores, para promover a regeneração de matas degradadas e alcançar metas globais de biodiversidade e benefícios do ecossistema ao ser humano é essencial combater as mudanças climáticas.

Os pesquisadores buscaram entender a interação entre os esforços de restauração e conservação, verificando também as diferenças entre as estratégias natural e ativa de restauração. “A primeira é muito mais barata, orgânica, depende de processos naturais para promover a chegada de espécies. A segunda, que é o plantio de mudas, é muito mais onerosa pra quem tem de restaurar”, explica Marcia Marques, pesquisadora da Universidade Federal do Paraná. O estudo mostra que, com a presença de áreas conservadas, a regeneração natural se torna uma alternativa mais econômica para ter resultado satisfatório: “Se você quiser usar só regeneração natural nessa situação é possível, porque existe um fluxo de sementes pela fauna”, relata.

A autora diz que a restauração é, muitas vezes, superestimada: “De modo geral, há, na sociedade, uma  expectativa muito grande em relação à restauração ecológica, inclusive para dar conta de absorver todo o carbono que estamos jogando na atmosfera há séculos, quando não é bem isso”. Para ela, há uma percepção de que o desmatamento poderá facilmente ser compensado pela restauração, que é vista como uma “bala de prata”, quando não é o caso: “Não é o caso de assumirmos que podemos desmatar e depois restaurar. Precisamos manter também as florestas maduras, com todas as suas funcionalidades. Restaurar é também conservar. Precisa ser aliado à conservação”, conclui a pesquisadora.

Termos de uso

Todos os releases sobre as pesquisas nacionais já publicados na área aberta da Bori (e que, portanto, não estão sob embargo) podem ser reproduzidos na íntegra pela imprensa, desde que não sofram alterações de conteúdo e que a fonte Agência Bori seja mencionada.

Veja como citar a BORI quando for publicar este artigo:

Fonte: Agência Bori

Ao usar as informações da Bori você concorda com nossos termos de uso.

Publicado na Bori em 26/7/2022, 23:45