13 de abril de 2020 Salvar link Foto: SCOTT WIESSINGER / NASA - Goddard Space Flight Center
Astronomia
Concepção artística de uma explosão de uma nova clássica

Highlights

  • Pesquisadores observaram pela primeira vez que o choque, ondas de matéria ejetadas, é a principal causa do brilho em uma “nova”
  • A quantidade de energia liberada em um evento de nova é tão grande que o brilho da anã branca pode aumentar milhões de vezes
  • Estudo feito com observações de vários telescópios terrestres e espaciais tem participação de pesquisador brasileiro

Uma equipe de pesquisadores de instituições de 17 países, incluindo o Brasil, chegou à primeira evidência observacional de que choques são a causa da maior parte do brilho das “novas” um fenômeno explosivo que pode ocorrer na superfície de estrelas anãs brancas, que é o tipo de estrela que o sol se tornará no final de sua evolução. Essa descoberta mostrou como é produzida uma parte substancial da energia em radiação do universo e está detalhada em artigo científico publicado na revista “Nature Astronomy” de 13 de abril de 2020.

No estudo foram utilizadas observações de vários telescópios terrestres e espaciais, incluindo o satélite Fermi Gamma-ray Space Telescope da Agência Espacial Americana (NASA). As observações revelaram que houve variação intensa do brilho em raios gama da estrela V906 Carinae os fótons mais energéticos do espectro eletromagnético. Não foi uma explosão comum: foi a nova mais brilhante em raios gama até então observada. Por coincidência, a região da constelação de Carina, onde se encontra V906 Carinae, estava sendo regularmente observada por um dos nanossatélites do consórcio internacional BRIght Target Explorer (BRITE) quando o fenômeno de nova aconteceu. O BRITE acompanhou desde o início a evolução do brilho de V906 Carinae na luz que é visível aos olhos humanos. Dados de um satélite de 4 toneladas, o Fermi, e de outro de apenas 10 kg, um dos BRITE, foram essenciais a esse estudo também.

Acreditava-se até pouco tempo que toda a luz de uma nova era produzida diretamente pela queima nuclear na superfície da anã branca. O que o trabalho mostrou foi a prova de um cenário proposto recentemente: choques, que são colisões de ondas de matéria ejetadas com velocidades diferentes por explosões sucessivas – e não as explosões em si – são responsáveis pela maior parte do brilho de uma nova. 

Segundo Raimundo Lopes de Oliveira Filho, cientista da Universidade Federal de Sergipe e do Observatório Nacional, e único brasileiro que participou da pesquisa, “as observações do Fermi e do BRITE mostraram que fases nas quais havia aumento brusco seguido de diminuição do brilho em raios gama eram acompanhadas quase que simultaneamente por variações similares do brilho em luz visível, indicando que fótons de baixa e de alta energias foram produzidos em uma mesma região e estavam associados ao mesmo tipo de fenômeno: choque”. 

A quantidade de energia liberada em um evento de nova é tão grande que o brilho da anã branca pode aumentar centenas ou até milhões de vezes. Assim, uma anã branca que não era visível a olho nu pode passar a ser e daí a designação histórica de nova, por parecer uma nova estrela no céu. Nossas conclusões foram possíveis graças a esforços complementares em uma abordagem teórica e observacional conduzida por vários telescópios“, disse Elias Aydi, pesquisador da Universidade Michigan State (EUA) e líder do projeto. 

As descobertas apresentadas pelos pesquisadores abriram um caminho não só para o avanço do entendimento de novas, como também de outras explosões estelares como supernovas e fusões de estrelas. Em conjunto, esses sistemas estão entre os maiores contribuintes para o balanço de energia em galáxias e para a produção de átomos pesados no Universo.

 

Jornalistas interessados em ler o paper original para escrever suas reportagens devem solicitá-lo ao pesquisador porta-voz.

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Fonte: Agência Bori

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Publicado na Bori em 13/4/2020, 22:00 – Atualizado em 21/2/2021, 13:36