Foto: Marcelo Justo
Debate sobre a Bori no IFT-Unesp
Publicado na Bori em 13/2/2020, 16:00 – Atualizado em 18/2/2020, 17:53

“A organização do evento me pediu para listar a principal dificuldade da cobertura de jornalismo científico no Brasil. Eu listei várias.” Foi assim que a editora de Ciência e Saúde da Folha de S.Paulo, Mariana Versolato, começou a sua fala na mesa de lançamento da Agência Bori, que aconteceu na quarta-feira (12/2) no IFT-Unesp. Além dela, o diretor-geral do Impa Marcelo Viana e o diretor da biblioteca eletrônica SciELO-Fapesp, Abel Packer, também participaram da discussão mediada pelas coordenadoras da Bori Ana Paula Morales e Sabine Righetti.

De acordo com a jornalista – altamente especializada e atuante na área há mais de década – é difícil encontrar as pesquisas que estão saindo do forno no país. Em muitos casos, os cientistas não querem falar com a imprensa. “Já me perguntaram se seria possível vetar a publicação de um estudo científico na mídia. Isso é censura”, diz.

A falta de familiaridade dos cientistas brasileiros com a imprensa foi destacada por Viana, do Impa. Atuante na divulgação científica, o matemático assina uma coluna semanal na Folha de S.Paulo e disse que recebe críticas de colegas por causa de sua forte presença na imprensa. “O meu diagnóstico é que a sociedade é extremamente carente de divulgações de cientistas. Carente no sentido de que não recebe e porque precisa receber”, diz.

Temas nacionais

Abel Packer, do SciELO, destacou a necessidade de divulgação das pesquisas publicadas em periódicos científicos nacionais. Hoje, a SciELO indexa cerca de 300 periódicos científicos editados no Brasil. “Por muito tempo se espalhou no Brasil a ideia de que a boa ciência está apenas nos periódicos estrangeiros. Isso não é verdade”, diz. “Há temas de pesquisa que são interessantes para periódicos nacionais, mas não cabem em revistas científicas estrangeiras.”

A Bori entrou no ar com a divulgação antecipada à imprensa de três estudos semanais de 90 revistas científicas indexadas na SciELO e editadas no Brasil. A expectativa é aumentar a coleção ao longo de 2020. No lançamento, há cobertura de pesquisas sobre temas como ferrugem no café, dengue e malária.

O lançamento da Bori contou com cerca de 150 participantes, dentre cientistas e jornalistas. Estavam na plateia, por exemplo, o presidente da SBPC Ildeu Moreira, o professor emérito da Unicamp Carlos Vogt, o presidente da ABEC Sigmar de Mello Rode e vários editores de periódicos científicos editados no Brasil. Para quem perdeu, o evento pode ser assistido no canal do YouTube da Bori aqui.