Cientistas precisam falar com a imprensa, nem todo resultado de pesquisa científica pode virar pauta e a Inteligência Artificial pode transformar o jeito como fazemos divulgação científica hoje em dia. Esses são alguns dos pontos abordados pela co-fundadora da Bori, Sabine Righetti, em entrevista ao jornalista e pesquisador Wilson Bueno que acaba de ser publicada no livro “O Jornalismo na Comunicação Organizacional: um campo em movimento” (Jorcom, 2024).
Na conversa, Righetti foi questionada, por exemplo, sobre a divulgação de ciências humanas – um dos pontos que mais aparecem nos debates na área. Hoje, 8% dos estudos que selecionamos e disseminamos de maneira antecipada à imprensa na Bori são de humanas – com pouca repercussão na imprensa. “Os estudos de ciências humanas não se adaptam muito bem ao formato da notícia. Para noticiar um artigo científico, a imprensa precisa de resultados objetivos, de uma novidade, de uma história a ser contada”, diz. “Os artigos científicos de humanas costumam ser muito teóricos, o que é importantíssimo para a ciência, mas de difícil divulgação especificamente para a imprensa.”
Righetti também reforçou a importância de treinamentos de cientistas para falar com a imprensa, que é uma das frentes de atuação da Bori. “Pesquisadores bem treinados, disponíveis e que entendem como funciona a imprensa conseguem se comunicar bem com jornalistas. E o resultado disso são reportagens qualificadas, sociedade informada. Todos saem ganhando”, diz.
Em quatro anos, a Bori já treinou centenas de jornalistas e de cientistas para falar com a imprensa. Recentemente, propôs na 5a Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia – 5CNCTI que a divulgação científica seja estimulada internamente nas instituições de pesquisa e nas agências de fomento à ciência, inclusive com oferta de treinamentos de mídia. Hoje, pesquisadores não são preparados para falar com a sociedade (não-cientistas) em nenhuma etapa da sua carreira.
O livro “O Jornalismo na Comunicação Organizacional: um campo em movimento” pode ser baixado gratuitamente pelo site da Jorcom. Faz parte de uma série de publicações na área coordenadas por Bueno, que é uma das principais referências em jornalismo científico do país.