Foto: DWIH / @DWIH
Publicado na Bori em 9/8/2022, 14:54 – Atualizado em 9/8/2022, 15:11

Por Fernanda Andrade*

A Bori também participou da 74ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que aconteceu no final de julho, em Brasília, com o tema “Ciência, independência e soberania nacional”. A co-fundadora da agência e pesquisadora do Labjor-Unicamp, Sabine Righetti, trouxe resultados inéditos de pesquisa feita com cerca de 300 jornalistas e cientistas da nossa comunidade sobre as relações entre ciência, imprensa e sociedade. A reunião anual da SBPC é o principal evento científico do país.

Os dados foram debatidos na mesa-redonda “Percepção da ciência na sociedade”, organizada, na SBPC, pelo Centro Alemão de Ciência e Inovação (DWIH) São Paulo – e mediada pelo filósofo Renato Janine Ribeiro, ex-ministro da Educação e atual presidente da SBPC. Também participaram da conversa Jochen Hellmann, diretor do DWIH São Paulo, e Olaf Kramer, professor de Retórica e Comunicação do Conhecimento da Universidade de Tübingen, na Alemanha.

No evento, foram apresentadas as principais conclusões de uma pesquisa feita com jornalistas e cientistas da comunidade Bori, em 2021, sobre o processo de comunicação científica no país e o papel da imprensa nesse cenário. O trabalho levantou questões relacionadas à interação entre os dois grupos: enquanto os cientistas acreditam que o problema da comunicação de ciência está na imprensa, os jornalistas relatam dificuldades em acessar e lidar com aqueles que a praticam.

Além disso, a investigação mostrou que, para os jornalistas, uma importante ponte de contato com os cientistas são as assessorias de imprensa – elas representam o principal mecanismo de busca de fontes para os jornalistas. No entanto, os cientistas relatam que esse serviço, muitas vezes, não está nem presente em suas instituições de pesquisa.

Os dados ainda evidenciam que a diversidade é um parâmetro fora de pauta para os jornalistas. Para grande parte dos entrevistados, o principal critério de escolha de fontes é o renome do cientista ou da instituição no meio acadêmico, deixando de lado fatores como gênero, cor e regionalidade. Isso reflete em outro importante resultado da pesquisa: mesmo com uma variedade de cientistas à disposição em bancos de fontes, a imprensa tende a repetir os especialistas entrevistados que são, sobretudo, homens, brancos e do estado de São Paulo. O problema é que a falta de diversidade de vozes na imprensa nacional, o que influencia diretamente a forma como o público vê e pensa a ciência.

Segundo o DWIH São Paulo, os principais pontos levantados pela conversa foram a necessidade de ampliar o contato entre ciência e sociedade, os impasses existentes na comunicação científica nacional e as consequências da utilização de idiomas estrangeiros na publicação de artigos.

A mesa-redonda “Percepção da ciência na sociedade” aconteceu na terça-feira (26) na UnB (Universidade de Brasília) como parte da programação científica oficial da SBPC. Com programação online e presencial, o evento reuniu cerca de 40 mil pessoas.

*Assistente de pesquisa na Bori em iniciação científica e aluna de ciências biológicas na Unicamp.