Em 11 anos, o número de brasileiros com idade entre 25 a 44 anos classificados com obesidade mórbida passou de de 0,9% para 2,1%, reforçando a tendência de que a população do país está cada vez mais com sobrepeso. O levantamento foi feito por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e publicado em setembro de 2019 na revista “Cadernos de Saúde Pública”.
De acordo com a pesquisa, o aumento de casos de obesidade mórbida – quando o Índice de massa corporal, o IMC, é igual ou superior a 40 – ocorreu em todos os níveis de escolaridade e regiões do Brasil; mulheres que vivem nas capitais Belo Horizonte, Campo Grande, Rio de Janeiro e Teresina foram as que apresentaram maior aumento da prevalência de obesidade mórbida.
A investigação analisou informações sobre a população adulta de capitais brasileiras coletadas pela Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), no período de 2006 a 2017. Essa ferramenta é bastante utilizada para monitorar a frequência e distribuição das doenças crônicas na população brasileira, e avalia características demográficas e socioeconômicas de pessoas com mais de 18 anos das capitais brasileiras, incluindo peso e altura. A partir desses dados, os pesquisadores calcularam as prevalências de obesidade das pessoas com base no Índice de Massa Corporal (IMC). O gênero a faixa etária e o nível de escolaridade também foram levados em consideração.
Epidemia de obesidade
O estudo serve de alerta para o cenário de epidemia de obesidade que o Brasil tem vivido nos últimos anos. O mapeamento das capitais brasileiras com mais casos de obesidade mórbida pode servir para orientar secretarias municipais de saúde em ações de promoção da saúde e governos na formulação de políticas de regulação de alimentos. O consumo de alimentos processados ricos em caloria, a alimentação inadequada e o sedentarismo estão entre os fatores que levam ao ganho de peso. Os pesquisadores sugerem medidas como a regulação de alimentos ultraprocessados e a taxação de bebidas açucaradas.
Essa é a primeira pesquisa nacional que mapeia a obesidade mórbida da população brasileira. Segundo a pesquisadora Deborah Malta, os próximos passos consistem em verificar se essa curva se mantém em ascensão com a análise de dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2020 e o monitoramento de novas edições do Vigitel.