23 de abril de 2020 Salvar link Foto: GLEN CARRIE / UNSPLASH
Medicina e Saúde

Highlights

  • Pesquisadores apontam o que é urgente e necessário para subsidiar as políticas de enfrentamento da pandemia
  • Informação confiável é a base para as tomadas de decisões
  • É necessário considerar a dinâmica da epidemia nas diferentes regiões do território nacional

Na linha de frente do desenvolvimento de subsídios científicos para a definição de políticas públicas de controle da Covid-19 no Brasil, pesquisadores de instituições do Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) e Pelotas (RS) fizeram um levantamento de uma série de medidas que consideram urgentes para as tomadas de decisão de agentes públicos envolvidos no enfrentamento da pandemia. Em editorial publicado na “Revista Brasileira de Epidemiologia” no dia 22 de abril, pesquisadores sugerem medidas como estabelecer um sistema de informação unificado, enredar esforços para que sejam padronizadas as definições de casos suspeitos, confirmados e descartados de Covid-19, ampliação substancial da capacidade de realização de testes diagnósticos (RT-PCR) e realizar estudos com o objetivo de estimação da população infectada.

Um dos maiores desafios sanitários da humanidade, a pandemia provocada pelo novo coronavírus, que causa a síndrome respiratória aguda grave, já afetou mais de 2,6 milhões de pessoas ao redor do mundo, levando mais de 180 mil delas a óbito. No Brasil, foram registrados 45 mil casos confirmados e mais de 2.900 mortes pela doença até a segunda quinzena de abril. “Trata-se de um problema em muitos aspectos inédito e que se agrava com uma velocidade que a comunidade científica tenta acompanhar e superar. Por isso, é de extrema importância que aqueles que atuam no seu enfrentamento e nas tomadas de decisão levem em consideração certas medidas, baseadas nas evidências científicas até aqui”, diz Pedro Rodrigues Curi Hallal, epidemiologista do Programa de Pós-graduação em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e reitor da instituição.

Hallal coordena o Epicovid19,  estudo brasileiro que está investigando o número de infectados pelo novo coronavírus, com financiamento do Instituto Serrapilheira. Os resultados do levantamentos serão divulgados quinzenalmente — no primeiro relatório, lançado dia 15 de abril, o Epicovid19 mostrou que o número de infectados no Brasil é pelo menos sete vezes maior do que aquele registrado oficialmente.

Ele e colegas defendem que é preciso estabelecer um sistema de informação unificado e ágil que reúna dados detalhados sobre os casos notificados e confirmados. “Os estudos e as reflexões a respeito da pandemia precisam ser feitos com base na dinâmica real das infecções”, reforça Hallal. Esses dados devem considerar, ainda, as pessoas que foram testadas, nos setores público e privado, com informações sobre sinais e sintomas clínicos, características sociais e demográficas, local de moradia e gravidade, com a devida garantia de privacidade.

Entendimento da Covid-19

Os pesquisadores orientam também que sejam padronizadas as definições de casos suspeitos, confirmados e descartados de Covid-19, incluindo infecção assintomática. “É fundamental a estabilidade desses critérios ao longo do tempo, para que as projeções sejam mais acuradas e confiáveis. Quaisquer modificações que se façam necessárias devem ser amplamente discutidas e, preferencialmente, implementadas em âmbito nacional”, explica Hallal. Em paralelo, a capacidade de realização de testes diagnósticos precisa ser ampliada.

Para os pesquisadores, a ciência é a principal aliada ao longo de todo o enfrentamento da pandemia. “Somos uma país de proporções continentais e o controle da pandemia precisa levar em consideração a dinâmica da epidemia nas diferentes regiões do território nacional. Para isso, é preciso realizar estudos com o objetivo de estimação da população infectada, incluindo inquéritos sorológicos periódicos, informação necessária para monitorar o impacto das ações de controle e estimar a proporção de protegidos na população”, orienta Hallal. “Apoiados em evidências sólidas, minimizaremos a possibilidade de surtos epidêmicos subsequentes e poderemos voltar à normalidade”,  complementa o pesquisador.

 

Termos de uso

Todos os releases sobre as pesquisas nacionais já publicados na área aberta da Bori (e que, portanto, não estão sob embargo) podem ser reproduzidos na íntegra pela imprensa, desde que não sofram alterações de conteúdo e que a fonte Agência Bori seja mencionada.

Veja como citar a BORI quando for publicar este artigo:

Fonte: Agência Bori

Ao usar as informações da Bori você concorda com nossos termos de uso.

Publicado na Bori em 23/4/2020, 12:35 – Atualizado em 21/2/2021, 13:35