15 de março de 2020 Salvar link Foto: SANDYMILLAR / UNSPLASH
Medicina e Saúde

Highlights

  • Pesquisa foi feita com 39 crianças, com idade entre 3 e 10 anos, que frequentam uma instituição de apoio, em Maceió (AL)
  • 64,1% delas registraram sobrepeso e 84,2% apresentaram alterações gastrointestinais, como constipação crônica e desconforto abdominal
  • Trabalho deve prosseguir com a expansão para outras cidades e o mapeamento da microbiota intestinal desse público, o que permitirá intervenções

Estudo investigou o estado nutricional e os sintomas gastrointestinais em um grupo de crianças autistas. Os resultados mostraram que 64,1% das crianças observadas registraram excesso de peso e 84,2% delas apresentaram alterações gastrointestinais, como constipação crônica, diarreia, dor e distensão abdominal. Nenhuma criança teve déficit nutricional, e observou-se que o consumo de glúten esteve associado às manifestações gastrintestinais. A pesquisa foi coordenada pela professora Danielle Alice Vieira da Silva, do Centro Universitário Tiradentes, em Maceió (AL). O artigo está na “Revista Paulista de Pediatria” de 16 de março.

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio do desenvolvimento que se caracteriza por dificuldades significativas na comunicação e na interação social, além de alterações de comportamento, como falas e movimentos repetitivos e ritualizados. A literatura sobre o tema sugere, ainda, que parte dessa população vivencia problemas gastrointestinais.  O estudo foi realizado entre março e maio de 2018 com 39 crianças, de três a dez anos, que frequentavam uma associação de apoio a autistas, em Maceió.

Para medir o estado nutricional das crianças, foi feito o registro do peso e da altura de cada uma e calculado o índice de massa corporal (IMC) em relação à idade, tendo como referência os valores estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde. Na avaliação das alterações gastrointestinais, o responsável pela criança respondeu um questionário sobre a presença desses distúrbios nos últimos 30 dias. A análise do consumo alimentar considerou a quantidade, o preparo e o tipo de alimento consumido nas últimas 24 horas. Esses alimentos foram categorizados em fontes de glúten (aqueles que contém trigo), de caseína (proteína do leite) e ultraprocessados (como refrigerantes, salgadinhos e biscoitos recheados).

Mapear para intervir

Segundo Silva, o estudo foi posteriormente replicado com mais quatro grupos, totalizando 182 crianças autistas, e os resultados foram semelhantes. Essa pesquisa também faz parte de um projeto maior, que envolve outros trabalhos científicos, que têm o objetivo de mapear o estado nutricional, o consumo alimentar e a microbiota intestinal das crianças autistas de Maceió, com a perspectiva de expandir a pesquisa para outras regiões do estado. “Esse trabalho deu o pontapé inicial, o respaldo científico para começarmos a pensar em condutas relacionadas à alimentação e à nutrição para esse público, que é muito peculiar”, diz Silva.

“O próximo passo é investigar a microbiota (composição de bactérias do ambiente intestinal) dessas crianças. As evidências científicas já mostraram que há uma alta prevalência de disbiose (desequilíbrio da microbiota intestinal). Ao mapear e saber quais são esses microorganismos, poderemos pensar em dietas e formulações para tratar essas questões e melhorar a qualidade de vida dessas crianças.”

Termos de uso

Todos os releases sobre as pesquisas nacionais já publicados na área aberta da Bori (e que, portanto, não estão sob embargo) podem ser reproduzidos na íntegra pela imprensa, desde que não sofram alterações de conteúdo e que a fonte Agência Bori seja mencionada.

Veja como citar a BORI quando for publicar este artigo:

Fonte: Agência Bori

Ao usar as informações da Bori você concorda com nossos termos de uso.

Publicado na Bori em 15/3/2020, 21:00 – Atualizado em 23/6/2022, 13:29