7 de fevereiro de 2022 Salvar link Foto: Marcos Santos / Imagens USP
Medicina e Saúde

Highlights

  • Consumo excessivo de sódio – um dos principais componentes do sal – está associado à mortalidade e à queda da qualidade de vida
  • Entre as doenças mais relacionadas ao consumo exagerado do mineral, está a hipertensão arterial
  • Maranhão, Alagoas e Pernambuco apresentam mais casos de morte prematura relacionados ao consumo de sódio 

Mineral amplamente consumido no Brasil, o sódio – presente no sal – é um importante fator de risco para doenças crônicas quando ingerido em quantidade excessiva. Dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares mostram que, entre 2008 e 2018, alguns grupos da população brasileira apresentaram queda na ingestão do nutriente. No entanto, alguns perfis ainda sofrem com maior mortalidade ou anos vividos com incapacidade por consumo excessivo de sódio: homens e habitantes da região Nordeste do país. A análise é de um estudo da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) publicado na “Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical”, na segunda (7).

A pesquisa teve o objetivo de descrever a contribuição do consumo exagerado de sódio para a ocorrência de doenças crônicas (hipertensão arterial, por exemplo) entre a população brasileira. Para isso, foram analisados dados do estudo Global Burden of Disease (2019), que reúne informações de uma série de fontes, como a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF, do IBGE) e a Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel).

Entre 1990 e 2019, o número absoluto de mortes por doenças crônicas causadas por consumo excessivo de sódio aumentou de 21.830 para 30.814 (41%), tornando o sal um fator de risco dietético relevante no Brasil. Esse aumento da mortalidade é esperado, visto que a população brasileira cresceu e envelheceu durante o período analisado. A diferença, no entanto, é vista nos recortes por gênero e região de moradia: as maiores taxas foram verificadas entre os homens e os habitantes da região Nordeste. Para se ter uma ideia, a mortalidade entre os homens (19 a cada 100 mil habitantes) foi o dobro da mortalidade entre as mulheres (8 a cada 100 mil habitantes).

“Os homens acabam sendo mais afetados por uma conjunção de fatores”, explica Ísis Machado, uma das autoras do estudo. “Eles costumam consumir mais calorias, então é esperado que acabem ingerindo mais sódio. Existem, ainda, diferenças hormonais entre os gêneros. Além disso, mulheres procuram serviços de saúde com mais frequência que homens e são historicamente responsáveis pelo cuidado e pela produção de refeições, enquanto homens tendem a comer fora de casa mais vezes, com maior exposição a alimentos ultraprocessados”.

A prevalência de doenças crônicas varia de acordo com a idade, visto que é muito mais comum que patologias como hipertensão, por exemplo, atinjam um número maior de pessoas mais velhas. Por isso, a análise incluiu uma padronização das taxas por idade, que mostrou que o consumo excessivo de sódio foi maior em estados da região Nordeste do Brasil, principalmente nos estados de Maranhão (28,9 a cada 100 mil habitantes homens e 10,3 a cada 100 mil habitantes mulheres), Alagoas (23,5 entre homens e 12,5 entre mulheres) e Pernambuco (23,9 entre homens e 10,6 entre mulheres). O estado de Minas Gerais apresentou as menores taxas (15,3 entre homens e 7,6 entre mulheres).

“Em geral, a hipertensão é uma condição silenciosa. Na região Nordeste, apenas 65% dos pacientes hipertensos que tiveram contato com serviços de saúde sabiam que tinham a doença, e só 33% tinham a pressão arterial controlada”, conta Larissa Guedes, que também assina o artigo. Os dados publicados no estudo podem colaborar para a criação ou atualização de políticas públicas de promoção da saúde, levando em conta as disparidades regionais e priorizando grupos de risco para o desenvolvimento de doenças relacionadas ao consumo de sódio.

DOI: https://doi.org/10.1590/0037-8682-0266-2021

Termos de uso

Todos os releases sobre as pesquisas nacionais já publicados na área aberta da Bori (e que, portanto, não estão sob embargo) podem ser reproduzidos na íntegra pela imprensa, desde que não sofram alterações de conteúdo e que a fonte Agência Bori seja mencionada.

Veja como citar a BORI quando for publicar este artigo:

Fonte: Agência Bori

Ao usar as informações da Bori você concorda com nossos termos de uso.

Publicado na Bori em 7/2/2022, 23:45 – Atualizado em 24/6/2022, 16:35