20 de março de 2020 Salvar link Foto: KAYLA MAURAIS / UNSPLASH
Medicina e Saúde
A prescrição de polifarmácia ocorre, em grande parte, para controlar sinais e sintomas de doenças como a hipertensão, a obesidade e o diabetes

Highlights

  • Estudo com 121 idosos ativos da Universidade Aberta à Terceira Idade da USP mostra que 82,6% deles tinham, ao menos, uma doença metabólica diagnosticada, com maior prevalência da hipertensão
  • A polifarmácia prescrita (cinco ou mais medicamentos) foi observada em quase um terço dos participantes
  • Mudanças de estilo de vida são mais eficientes do que os medicamentos e oferecem muito menos risco, aponta autora do estudo

Um estudo realizado com 121 idosos participantes da Universidade Aberta à Terceira Idade da Universidade de São Paulo (UATI/USP) mostra que, mesmo em uma amostra mais ativa e saudável que a maioria da população nessa faixa etária, é alta a prevalência de doenças cardiometabólicas como hipertensão e diabetes. Também é elevado o uso de combinação de medicamentos prescritos. As observações são de estudo de 20 de março na “Revista Brasileira de Enfermagem” realizado por pesquisadores da Escola de Artes e Humanidades (EACH), da USP.

Ao aplicar questionário junto a participantes da UATI/USP, serviço que oferece oficinas, palestras e disciplinas de cursos de graduação para idosos, o objetivo foi investigar a associação de doenças cardiometabólicas com a polifarmácia advinda da prescrição médica. Com média de 68,3 anos, a prevalência de ao menos uma doença cardiometabólica foi de 82,6%, das quais a hipertensão foi a mais comum (71,1%). O consumo de fármacos prescritos de uso contínuo foi observado em 92,6%. Quase metade deles (48,2%) usava combinações de fármacos, o que sugere risco cardiovascular elevado. Além disso, a polifarmácia (consumo de cinco ou mais medicamentos) foi observada em quase um terço (28,6%) da amostra.

De acordo com a farmacologista e autora principal da pesquisa, Caroline Ribeiro de Borja Oliveira,  o controle das doenças cardiometabólicas se dá por mudanças de estilo de vida. São mais eficientes do que os medicamentos e oferecem muito menos risco, além de proporcionar ganhos para a saúde. “Quando não há mudanças positivas no estilo de vida, os prescritores acabam tendo que tentar controlar essas doenças com mais medicamentos, o que gera a polifarmácia” destaca Caroline, que é docente dos cursos de Gerontologia da EACH/USP.

A prescrição de polifarmácia, analisa a pesquisadora, ocorre, em grande parte, para controlar sinais e sintomas de hipertensão, obesidade, diabetes, assim como de dislipidemia, condição caracterizada pela presença de doenças associadas com elevados níveis de gordura no sangue como colesterol e triglicérides. “Quanto mais medicamentos, maior é o risco de efeitos adversos e tóxicos. O idoso precisa ser orientado de forma mais clara e enfática. Deve ser feito de forma individualizada, de tal forma que ele se sinta participante do cuidado de sua própria saúde”, orienta Caroline Oliveira.

Automedicação

O trabalho é um desdobramento do estudo “Automedicação entre participantes de uma Universidade Aberta à Terceira Idade e fatores associados”, publicado em 2018 na “Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia”, realizado pelo mesmo grupo com participantes da UATI/USP.  Quase 60% dos idosos entrevistados afirmou praticar automedicação.  Os idosos costumam se automedicar, aponta Caroline, para controlar desconfortos como dor muscular e articular e sintomas de gripes e resfriados. “O problema é que a dor e outros sintomas podem estar associados a doenças pré-existentes e a automedicação pode mascarar os sintomas, prejudicando o diagnóstico e, portanto, o tratamento adequado. Esses desconfortos podem ser também efeitos adversos de medicamentos, que deveriam ser tratados muitas vezes com a redução da dose ou substituição do medicamento. Além disso, a presença de doenças crônicas e a associação com outros medicamentos (prescritos ou não), podem gerar interações medicamentosas”, alerta.

Informação e empoderamento

Ao identificar os fatores de risco associados com doenças cardiometabólicas e prescrição de polifarmácia, os autores destacam que é importante delinear atividades educativas para conscientizar e empoderar os idosos com essas informações. Com esse propósito, conta Caroline, estão mantidas as atividades educativas na UATI e fora da universidade. Os resultados desses estudos são utilizados também para conscientizar os alunos dos cursos de graduação e de pós-graduação em Gerontologia da USP.

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Fonte: Agência Bori

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Publicado na Bori em 20/3/2020, 1:00 – Atualizado em 21/2/2021, 13:37