4 de dezembro de 2020 Salvar link Foto: Hush Naidoo / Unsplash
Medicina e Saúde

Highlights

  • Pesquisadores da UFJF e da Fundação Oswaldo Cruz fizeram correções nos números de óbitos por causas mal definidas, inespecíficas e sub-registros para obter estimativas mais fidedignas sobre a taxa de mortalidade por infarto do miocárdio no Brasil
  • De 1996 a 2016, mortalidade caiu mais acentuadamente no sexo feminino, nas capitais e nas regiões sul e sudeste
  • Homens do interior do norte e nordeste apresentaram aumento de taxas de mortalidade por infarto no período analisado

Principal causa de óbitos no Brasil, o infarto agudo do miocárdio registrou tendência de queda de 43,6% entre 1996 e 2016 nas taxas de mortalidade no país, mas ainda apresenta importantes desigualdades regionais e de gênero. Enquanto essas taxas apresentam queda no centro-oeste, sudeste e sul — chegando a uma queda de 85%, no sul -, no norte e nordeste a tendência é de aumento de 4,8% e 11,4%, respectivamente. É o que revela estudo de pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) publicado na revista “Arquivos Brasileiros de Cardiologia”, da Sociedade Brasileira de Cardiologia, na sexta (4).

A fim de obter indicadores mais confiáveis para entender e avaliar melhor essas diferenças regionais nas taxas de mortalidade, os pesquisadores corrigiram os números de mortes por causas mal definidas, códigos-lixo (inespecíficos) e sub-registros a partir da análise de dados anuais de óbitos por infarto do miocárdio de 1996 a 2016 do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) da página eletrônica do Departamento de Informática do Sistema único de Saúde (Datasus) e das estimativas populacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Após corrigidos, os dados de óbitos foram redistribuídos segundo cálculos de estudos anteriores que levaram em conta variáveis como total de óbitos, óbitos por causas externas e a porcentagem de óbitos com códigos-lixo cardiológicos nas diferentes faixas etárias. As informações dessas séries temporais foram desagregadas por região, local de residência (capital ou interior) e sexo, o que permitiu comparar os dados por região.

As taxas de mortalidade ajustadas apresentaram diferença significativa em relação às estimativas sem correções, como o aumento de 92% da mortalidade entre as mulheres residentes no interior da região Centro-Oeste, no ano de 1996. Elas também confirmam o movimento geral de queda, embora apontem o crescimento entre homens no interior do Norte e Nordeste.

De 1996 a 2016, a taxa de mortalidade por 100 mil habitantes passou de 149,86 para 104,35, o que representa uma redução de 43,6%. As regiões do centro-oeste, sudeste e sul apresentaram tendência de queda de 34,7%, 68% e 85,1%. Se consideradas as variações percentuais anuais, que medem a tendência em cada ano analisado, as regiões sul (- 3,4%) e sudeste (- 3,3%) apresentaram os maiores decréscimos nas taxas de óbito por infarto do miocárdio, e a região norte, o menor (-0,8%). A mortalidade diminuiu mais acentuadamente no sexo feminino (- 2,2%) do que no masculino (- 1,7%), e mais nas capitais (- 3,8%) do que no interior (-1,5%).

Houve queda nas taxas de mortalidade por infarto do miocárdio em todas as capitais e no interior das regiões sudeste, sul e centro-oeste. Cruzando localidade e sexo, as maiores quedas nas taxas de mortalidade ocorreram entre mulheres moradoras das capitais, sobretudo na região sul (- 5,80%). Em contrapartida, foi registrado aumento nas taxas de mortalidade para homens residentes no interior do Norte (3,3%) e Nordeste (1,3%).

“Esse detalhamento permitiu ver que no interior dessas regiões está ocorrendo o crescimento das taxas de mortalidade por infarto no miocárdio entre os homens, contrariando as tendências nacionais e internacionais”, diz Letícia de Castro Martins Ferreira, uma das autoras do estudo. De acordo com ela, as taxas sem e com correções mostraram pouca discrepância nas estimativas das capitais, mas, no interior, existe uma disparidade importante entre elas. “Também nos chamou a atenção a melhora, nesse período, nos registros de óbito em relação a causas mal definidas e a subnotificações. Mas não houve esse avanço no que diz respeito ao uso de código-lixo, que continua alto. A qualidade nos registros de óbito é importante para termos estatísticas mais fidedignas para estudos de tendência de mortalidade, a tomada de decisão e o balizamento de políticas públicas.”

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Fonte: Agência Bori

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Publicado na Bori em 4/12/2020, 22:00 – Atualizado em 12/1/2024, 9:54