A esquizofrenia é um distúrbio psiquiátrico tratado com o uso de antipsicóticos, que não apresentam resultados satisfatórios para metade dos pacientes. Buscando otimizar esses desfechos, um grupo de pesquisadores do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) identificou proteínas que podem, no futuro, funcionar como biomarcadores para a predição de sucesso dos antipsicóticos olanzapina e risperidona, que estão entre os mais usados no tratamento da esquizofrenia. O estudo, financiado pela Fapesp, será publicado em 30/07 na revista “Journal of Proteomics”.
A pesquisa utilizou como método a espectrometria de massas, uma ferramenta analítica capaz de mapear e quantificar milhares de proteínas presentes no sangue. Os pesquisadores analisaram amostras de sangue de 26 pacientes com esquizofrenia sem uso de medicação nas seis semanas anteriores à coleta e após o tratamento de seis semanas com a olanzapina e a risperidona, principais antipsicóticos utilizados no tratamento da esquizofrenia. As amostras foram analisadas conforme o paciente respondia ou não respondia positivamente ao tratamento. Os resultados apontaram que determinados medicamentos podem ter mais chance de sucesso ou de fracasso de acordo com cada indivíduo.
O estudo pode contribuir para a descoberta de biomarcadores que possam predizer se um determinado medicamento vai ser bem-sucedido para cada paciente, sugerindo também novas possibilidades para o desenvolvimento de medicações mais efetivas. Além disso, a publicação apresenta elementos inéditos na aproximação entre a pesquisa laboratorial e a aplicação clínica.
Tratamento da esquizofrenia
Para os pacientes e seus familiares, o estudo pode ser uma esperança para melhores desfechos no tratamento. “A cada surto psicótico, o paciente sofre declínios em suas funções cognitivas, como capacidade de raciocínio e memória, e esses declínios são difíceis de reverter na psiquiatria. Portanto, predizer quais pacientes responderão bem a cada medicamento é uma descoberta que pode melhorar sua qualidade de vida e evitar esses danos. Nosso estudo é um indicador de caminhos para que, no futuro, sejam desenvolvidos testes que possam fazer essa predição”, afirma o pesquisador da Unicamp e IDOR Daniel Martins-de-Souza.
O grupo do Daniel, que trabalha há anos com a identificação de biomarcadores de predição à resposta dos antipsicóticos, está agora trabalhado para transformar estes achados em um teste que possa ser acessível aos pacientes, por indicação de seus psiquiatras. Segundo o pesquisador, o estudo apresenta resultados positivos, mas ainda preliminares em relação aos obstáculos encontrados no tratamento da esquizofrenia e não há como estimar, neste momento, o tempo que esta etapa pode levar.