A dor nas costas foi prevalente em 25,6% dos trabalhadores de home office entrevistados em Criciúma (SC) e Rio Grande (RS). É o que aponta estudo de pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC) publicado na sexta-feira (17) na revista “Ciência & Saúde Coletiva”.
As informações foram obtidas por meio de entrevistas domiciliares presenciais nas duas cidades, de outubro de 2020 a janeiro de 2021. As entrevistadoras foram treinadas e receberam equipamentos de proteção individual e orientações sobre a condução do estudo de forma segura. Ao todo, 1006 profissionais foram abordados.
Entre as pessoas que trabalharam em home office durante a pandemia, 25,6% afirmaram sentir algum tipo de dor nas costas. Entre as regiões anatômicas, a lombar representa 26% das queixas, seguida pela região cervical (11%), e a torácica, correspondendo a 8,9% dos relatos. “Os nossos dados já foram repassados para os órgãos competentes da saúde do Rio Grande do Sul e Santa Catarina para a formulação de políticas públicas”, informa a fisioterapeuta Elizabet Saes-Silva, pesquisadora e autora o artigo.
Segundo a especialista, outro dado que chamou a atenção foi a relação entre o peso e as dores na coluna. “O estudo está mostrando um resultado que até então não havíamos observado. A pessoa com Índice de Massa Corporal (IMC) normal também sofre com dores na coluna, e não apenas aquelas com sobrepeso e obesidade”, revela a cientista, que acrescenta que houve uma diferença observada nesta análise. “Identificamos que pessoas com IMC normal sentiram dor aguda torácica, enquanto com IMC sobrepeso e obesidade tiveram dor aguda na região cervical e dor crônica na região lombar”, acrescenta.
Durante a pandemia, as dores nas costas representam o segundo maior motivo de afastamento dos empregos, conforme o Ministério Público do Trabalho, atrás apenas de acidentes em ambiente de trabalho. Dessa forma, os autores do artigo acreditam que a ergonomia também deve ser pensada como uma forma de promover a saúde: “Além de prevenir, a posição correta é necessária para não piorar as dores já existentes”, conclui Saes-Silva.