As plantas, como todos os seres vivos, são suscetíveis a diversos vírus. Embora não causem danos dramáticos e extensos às atividades humanas como alguns vírus humanos e animais, os vírus de plantas possuem uma ação sutil que pode causar perdas consistentes e constantes na qualidade e quantidade da maioria das plantas cultivadas, especialmente nos alimentos. Boas fontes de informação são essenciais para a identificação adequada do vírus e da doença, por isso a importância do inventário histórico de vírus de plantas publicado em 04 de maio na revista “Biota Neotropica”. O inventário lista as 213 espécies de vírus e seis de viroides de plantas descritos para o Brasil entre 1926 e 2018. O autor é o professor Elliot W. Kitajima, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP), que iniciou a coleção de artigos em virologia de plantas agrícolas em 1958, quando começou a trabalhar na área.
Os artigos, teses, dissertações, resumos de congressos, textos de divulgação, boletins, entre outros documentos que serviram de base para esse levantamento totalizam cerca de dez mil referências. Esses materiais estão sendo digitalizados em formato PDF e, em breve, também estarão disponíveis para consulta online. A pesquisa teve apoio financeiro da Fapesp (dentro do Programa Biota).
Auxílio na identificação do vírus
O pesquisador Elliot W. Kitajima resssalta a importância do processo de indentificaçao do vírus. “A intenção da linha de pesquisas em virologia na agricultura é conseguir identificar o vírus causador da doença, avaliar sua importância e desenvolver estratégias para o seu controle”, explica Kitajima. “A identificação é um dos momentos iniciais, por isso a importância dos inventários, eles nos auxiliam nesse processo”, completa.
Um exemplo emblemático da importância das pesquisas na área foi o controle da doença chamada de Tristeza dos Citros, causada pelo vírus Citrus tristeza virus (CTV) especialmente nos cultivos de laranja do estado de São Paulo. A doença chegou a atingir cerca de 90% das plantas da região e, graças às pesquisas realizadas desde a descoberta do vírus, a citricultura paulista se reestruturou e hoje é a maior produtora mundial de suco industrializado de laranja.