3 de maio de 2024 Salvar link Foto: Secretaria de Comunicação do estado de Goiás
Saúde
Em Goiás, cobertura vacinal contra HPV em meninas de 10 a 14 anos se manteve entre 12,3%, em 2019, e 30%, em 2015, abaixo da meta nacional, de 80%.

Highlights

  • Pesquisa analisou tendência temporal da cobertura da vacina contra HPV em meninas de 10 a 14 anos no estado de Goiás, de 2014 a 2022
  • No período, taxa de cobertura vacinal variou entre 12,3%, em 2019, e 30% em 2015
  • Dose única pode aumentar adesão da população brasileira à vacina contra HPV

No estado de Goiás, a taxa de cobertura vacinal contra o papilomavírus humano (HPV) em meninas pré-adolescentes se manteve entre 12,3% e 30% de 2014 a 2022. Mesmo no ano de mais meninas vacinadas com a segunda dose da vacina, em 2015, a taxa de manteve muito abaixo da meta de 80% estabelecida pelo Ministério da Saúde (MS). É o que revela estudo de pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) publicado na sexta (3) na revista científica “Epidemiologia e Serviços de Saúde”.

De 2014 a 2022 foram aplicadas 407.217 segundas doses da vacina quadrivalente contra HPV na população feminina entre 10 e 14 anos em Goiás. As maiores taxas de cobertura vacinal são dos anos de 2015 e 2014, com 30% e 29,8%, enquanto a menor taxa é de 2019, de 12,3%. Em 2022, ano mais recente do levantamento, a taxa de cobertura foi de 13,2%.

A pesquisa coletou dados de segundas doses de vacinas contra HPV aplicadas em meninas de 10 a 14 anos do estado de Goiás no período de 2014 a 2022 do Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do DataSUS. A taxa de cobertura vacinal foi calculada a partir do número de vacinados em relação à população desse público-alvo no estado, com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A baixa cobertura vacinal contra o HPV é uma realidade global, principalmente nos países subdesenvolvidos. Assim, os pesquisadores já esperavam encontrar índices de vacinação abaixo da meta nacional de 80% também no estado de Goiás. “Embora tenhamos avaliado apenas a segunda dose, ficamos surpresos ao encontrar taxas de cobertura tão baixas, sobretudo pelo estudo ter sido realizado na população feminina, que normalmente apresenta melhor adesão à vacina contra HPV”, comenta Iana Mundim de Oliveira, pesquisadora da UFG e coautora do estudo.

Os dados mostram uma tendência de queda nas taxas de aplicação da vacina a partir de 2016, dois anos após sua inserção no calendário de imunização brasileiro. Segundo Oliveira, existem alguns fatores que podem estar relacionados a esta baixa cobertura vacinal, como dificuldade de acesso, fatores culturais e abandono vacinal após a primeira dose. Entretanto, não é possível afirmar as causas a partir da metodologia utilizada neste trabalho.

No início de abril de 2024, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) de Goiás iniciou o novo esquema vacinal contra o HPV, que passou a ser administrado em dose única. A mudança levou em consideração as recomendações de entidades, como a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), que trouxeram a público diversos estudos que comprovam a proteção eficaz com apenas uma dose do imunizante. Dados parciais da cobertura vacinal contra HPV em meninas, em 2024, em Goiás, são de 62,92% para primeira dose e 46,77% para a segunda.

“É possível que a adoção do esquema em dose única traga uma melhora real na disponibilidade de doses e na adesão da população brasileira à vacina, tendo em vista que sua oferta será ampliada até a faixa etária de 19 anos em jovens que não receberam uma ou duas doses do imunizante no período recomendado, de 9 a 14 anos”, comenta Oliveira, citando os bons resultados da adoção desse esquema vacinal em outros países.

Ainda assim, a pesquisadora pontua que “é preciso investir em paralelo em ações que conscientizem e sensibilizem a população sobre a importância da vacinação, além de facilitar o acesso a doses em regiões periféricas do Brasil.”

Termos de uso

Todos os releases sobre as pesquisas nacionais já publicados na área aberta da Bori (e que, portanto, não estão sob embargo) podem ser reproduzidos na íntegra pela imprensa, desde que não sofram alterações de conteúdo e que a fonte Agência Bori seja mencionada.

Veja como citar a BORI quando for publicar este artigo:

Fonte: Agência Bori

Ao usar as informações da Bori você concorda com nossos termos de uso.

Publicado na Bori em 3/5/2024, 7:00 – Atualizado em 3/5/2024, 11:19