3 de abril de 2023 Salvar link Foto: Charles Betito Filho / unsplash
Agricultura

Highlights

  • Em condições naturais, o solo do Cerrado pode não ser favorável para produção de mudas de tarumarana, sendo necessário elevar a saturação por bases e adição calcário e fósforo
  • Fertilização adequada do solo pode gerar produção mais rápida e lucrativa e aumentar diversidade de espécies nos viveiros usadas em projetos de restauração
  • Estudo aponta benefícios para o viveirista, que ao saber mais sobre o processo de produção, garantirá mudas nutricionalmente mais vigorosas e saudáveis

Espécie nativa do Cerrado brasileiro, a tarumarana (Buchenavia tomentosa Eichler) é reconhecida por seu potencial para recomposição de áreas degradadas. Pesquisadores da Universidade de Cuiabá (Unic) concluíram que adicionar adubo fosfatado e calcário pode acelerar a fertilidade e a produção de mudas desta árvore, que tem seu desenvolvimento atrasado por causa das condições naturais do solo do bioma. Os resultados estão publicados na Revista do Instituto Florestal na segunda-feira (3).

Os pesquisadores coletaram sementes de tarumarana em área de plantação nativa. Como elas apresentam dormência – fenômeno em que as sementes, mesmo com condições ambientais, demoram mais para germinar -, os frutos foram deixados em água por 48 horas e, em seguida, submetidos a escarificação química. As mudas foram submetidas a diferentes níveis de saturação por bases e de adição de adubo fosfatado. Após 90 dias, foram analisadas características como altura e diâmetro.

“Considerando que altura e diâmetro são duas das características morfológicas mais utilizadas para indicar se a muda apresenta crescimento suficiente para ser plantada no campo, bem como sua qualidade, pode-se dizer que os resultados comprovam que esta complementação nutricional do solo seja uma prática necessária para a produção de mudas de tarumarana com qualidade para plantio”, explica a engenheira florestal Cristiane Vieira, uma das autoras do artigo.

O fenômeno de dormência das sementes de tarumarana torna o processo de produção de mudas mais demorado, não sendo atrativa para os viveiros. Os resultados trazidos pela pesquisa permitirão a produção da espécie de forma mais rápida e mais lucrativa, aumentando a diversidade de espécies que podem ser encontradas nos viveiros para serem implantadas em projetos de restauração de áreas. Além disso, o conhecimento acerca da nutrição do solo e crescimento das plantas, em um contexto geral, permite a produção de mudas em menos tempo, se comparado às mudas que não são submetidas às condições favoráveis durante sua fase de formação. “Isso possibilita a produção de mais mudas ao longo do ano e, dessa forma, consegue-se aumento em quantidade e qualidade. Consequentemente, aumentam-se os ganhos com a sua venda”, afirma a pesquisadora.

As pesquisadoras acreditam que os resultados do estudo também tragam benefícios para o viveirista, que ao saber mais sobre o processo de produção, garantirá mudas nutricionalmente mais vigorosas e saudáveis. “Com isso, é possível produzir mudas com características morfológicas, fisiológicas e sanitárias adequadas para o plantio, reduzindo índices de mortalidade das árvores. Isso proporciona uma restauração mais eficiente”, acrescenta Vieira.

Segundo a autora, é importante que os projetos de restauração busquem o plantio de espécies com frutos atrativos para animais, como é o caso da tarumarana. “Uma área será realmente considerada ‘restaurada’, a partir do momento em que não apenas se observa sua revegetação, mas, a volta das espécies de animais comuns do local”, enfatiza.

Termos de uso

Todos os releases sobre as pesquisas nacionais já publicados na área aberta da Bori (e que, portanto, não estão sob embargo) podem ser reproduzidos na íntegra pela imprensa, desde que não sofram alterações de conteúdo e que a fonte Agência Bori seja mencionada.

Veja como citar a BORI quando for publicar este artigo:

Fonte: Agência Bori

Ao usar as informações da Bori você concorda com nossos termos de uso.

Publicado na Bori em 3/4/2023, 23:45