10 de fevereiro de 2020 Salvar link Foto: Fadhil Asqar / Pixabay
Ambiente
Café da espécie Arábica é a mais vendida pelo Brasil

Highlights

  • Fungo causador da ferrugem do cafeeiro pode aumentar em 30% nas próximas duas décadas
  • Aumento da temperatura é propícia para proliferação do fungo Hemileia vastatrix
  • São Paulo e Minas Gerais serão os estados mais afetados segundo a projeção

O aumento da temperatura no Brasil em decorrência da mudança climática pode colocar em xeque a produção de café no país ao favorecer o avanço da doença ferrugem do cafeeiro sobre as plantações. Cientistas projetam um aumento de quase 30% de casos da praga provocada pelo fungo Hemileia vastatrix, que ataca as folhas dos cultivares e reduz significativamente a produção do grão. É o que mostra uma simulação feita pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), apontando São Paulo e Minas Gerais como os possíveis estados mais afetados.

Os dados publicados no fascículo de dezembro da “Revista Pesquisa Agropecuária Brasileira”, e disponíveis de maneira online no mês seguinte, apresentam o resultado de simulação feita com o cultivo do café Arábica – principal espécie vendida para o mercado mundial – a partir de índices de temperaturas disponibilizados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Considerando que as emissões de gases de efeito estufa (GEE) atuais resultarão em aumento de 2,6ºC a 4,8ºC na temperatura global foi possível estimar que haverá aumento de 27,6% de casos graves e muito graves de ferrugem do cafeeiro até 2040.

O ciclo da doença depende de condições climáticas para se desenvolver. No Brasil seu início normalmente ocorre em dezembro, quando a temperatura e o volume de chuvas tendem a aumentar, mas com picos entre maio e junho, de forma que invernos mais quentes e chuvosos que o normal podem contribuir diretamente para o aumento de sua inoculação nos cafezais.

Cenário incerto com mudança climática

A ferrugem do cafeeiro é uma das doenças com maior impacto econômico no cenário global. Previsões apontam que as perdas no Brasil podem chegar até 50% da produção total de café, com chances de alcançar 90% de prejuízo em casos de grandes epidemias. O fungo Hemileia vastatrix deixa lesões arredondadas e manchas amarelo-alaranjadas nas partes inferiores das folhas.

A gravidade econômica relacionada à perda de produção em função da ferrugem do café faz com que cenários futuros de mudanças climáticas, onde temperaturas serão mais elevadas, alertem para a necessidade de estudos sobre estratégias e alternativas de controle da doença.

Esta pesquisa foi financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

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Fonte: Agência Bori

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Publicado na Bori em 10/2/2020, 20:01 – Atualizado em 2/3/2023, 12:17