Publicado na Bori em 12/2/2023, 8:43

Premiado pela OMS pelo trabalho na pandemia e pela Microsoft, serviço divulgou 450 estudos científicos à imprensa

Os últimos três anos foram desafiadores para a ciência em todo o mundo. Com uma pandemia a enfrentar, cientistas saíram dos laboratórios para os noticiários e se tornaram celebridades, com a missão de comunicar suas pesquisas, descobertas e combater notícias falsas. Em fevereiro de 2020, um mês antes do isolamento imposto pela Covid-19 no Brasil, nascia a Agência Bori. Um serviço inovador para apoiar a cobertura de assuntos científicos na imprensa brasileira.

“Tivemos de redesenhar a Bori com apenas duas semanas porque havia demandas reais dos jornalistas em função da pandemia. A dificuldade de a imprensa localizar cientistas para falar sobre Covid, por exemplo, fez com que montássemos nosso banco de fontes logo nesse início. Tivemos de ir muito além da disseminação de pesquisas”, lembra a jornalista Sabine Righetti, cofundadora da Bori.

Em três anos de atuação, mais de 2.600 jornalistas se cadastraram na plataforma e 450 estudos foram divulgados antecipadamente para os veículos nacionais com destaque para os principais dados e avanços científicos. Só em 2022, as pesquisas divulgadas tiveram mais de 1.600 reproduções imediatas do conteúdo em veículos digitais e impressos. Depois do banco de fontes para a Covid-19, outros dois foram desenvolvidos: Amazônia e sistemas alimentares.

O treinamento de cientistas e jornalistas foi outro serviço que se tornou fundamental, especialmente na pandemia. A agência capacitou mais de 600 profissionais para divulgar ciência na imprensa. “Fomos ouvindo e atendendo demandas não previstas também no modelo de negócios, que foram surgindo enquanto a Bori começou a operar. Por exemplo, a oferta de treinamentos de mídia específicos para grupos de cientistas de um projeto de pesquisa, de uma área ou instituição se tornou central na operação e na manutenção da Bori”, conta Sabine.

Prêmios da OMS e Microsoft

O trabalho da Bori de apoio à cobertura da pandemia foi reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como exemplo de iniciativa inovadora em comunicação. O papel social da agência – como disseminador de conteúdo científico de qualidade, combate às notícias falsas e capacitação de cientistas e jornalistas – recebeu ainda outras premiações e resultou na consolidação de apoio de instituições como Serrapilheira, Ibirapitanga e Sabin Vaccine Institute.

“Nossa missão é o que norteia todas as nossas ações. O impacto social é muito grande, e isso nos permitiu pleitear e receber investimento social (doações) de instituições alinhadas com nossos valores” afirma a biomédica e jornalista Ana Paula Moraes, cofundadora da Bori e fellow da Ashoka Empreendedores Sociais.

O orçamento de R$ 100 mil no primeiro ano aumentou dez vezes, chegando a R$ 1 milhão em 2023. Entre as novidades para o quarto ano da Bori está a implantação da solução criada em parceria com a Microsoft para otimizar o processo de mapeamento e curadoria de estudos científicos brasileiros. O projeto conquistou o primeiro lugar no Hack for Positive Impact Executive Challenge 2022 que faz parte do maior hackathon privado do mundo, o Microsoft Global Hackathon for Social Impact.

A visibilidade dada a alguns estudos alcançou os tomadores de decisão, tendo impacto na esfera política. Estudos de pesquisadores da FGV EAESP divulgados pela Bori embasaram a CPI da Covid-19 e decisões de conselhos e secretarias de Saúde. Uma pesquisa da Unicamp divulgada pela Bori influenciou o Ministério de Minas e Energia em medidas relacionadas às técnicas de extração de gás em Manaus.

“Já sabemos que algumas pesquisas brasileiras que disseminamos para a imprensa impactaram projetos de leis. Queremos dialogar também com tomadores de decisão para levar evidências científicas diretamente”, conclui Sabine.