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Nem toda instituição de ensino e pesquisa no Brasil tem assessoria de comunicação profissional.
Publicado na Bori em 6/2/2020, 21:47

Os jornalistas brasileiros que escrevem sobre ciência e áreas correlatas, como ambiente e saúde, buscam ativamente e por conta própria novos estudos de pesquisadores brasileiros na tentativa de encontrar pautas jornalísticas. É isso que mostra um levantamento on-line feito pela BORI com 140 profissionais brasileiros de 12 estados e Distrito Federal em maio de 2019.

De acordo com os respondentes, as principais fontes utilizadas para descobertas de estudos inéditos para a cobertura jornalística são os próprios cientistas (24%) e os repositórios de artigos científicos (26%). Ou seja: a busca por novos trabalhos é feita de forma ativa pelos jornalistas a partir de suas redes de contatos de pesquisadores ou por meio de consultas aos vários repositórios.

Essa é uma dificuldade significativa na cobertura da produção de conhecimento nacional, já que a construção de redes de contatos com pesquisadores e até mesmo o conhecimento dos vários repositórios de artigos científicos existentes demanda tempo de experiência e conhecimento sobre o universo científico.

Já os contatos feitos pelas assessorias de imprensa de instituições de ensino e de pesquisa para disseminação de novos estudos, de acordo com a pesquisa, correspondem a fontes de artigos inéditos para 15% dos jornalistas. Isso acontece porque, na maioria das vezes, assessorias de comunicação estão sobrecarregadas com atendimentos pontuais à imprensa e com a produção de informação institucional. Assim, não dão conta de mapear novos estudos para passar para os profissionais da área.

E vale lembrar: infelizmente, nem toda instituição de ensino e pesquisa no Brasil tem assessoria de comunicação profissional.

O levantamento mostra ainda que a maioria dos respondentes (65%) publicam até três notícias sobre ciência por semana, enquanto 15% produzem um volume ainda maior nesse período!

Os 140 jornalistas que responderam o nosso questionário têm em sua maioria idade entre 25 e 44 anos. Metade deles se dedica aos temas há 3-10 anos e uma parcela representativa, de 27%, atua na área há 11-20 anos. Menos da metade deles (42,9%), no entanto, têm algum tipo de especialização em ciência.

Os dados não representam a totalidade de jornalistas de ciência e de áreas correlatas do país, já que a pesquisa não foi estratificada por sexo, idade e localização. Entre os respondentes, no entanto, a dificuldade para cobertura de novos estudos é evidente.

Na BORI, os materiais de divulgação dos artigos inéditos são acompanhados dos contatos do/a cientista responsável (e-mail, telefone), para que os jornalistas possam acessá-lo/a com facilidade. O/a cientista, por sua vez, poderá se preparar para receber o contato de jornalistas durante o período que o seu artigo estiver sendo divulgado na BORI.

A ideia — e um dos desafios a serem enfrentados pelo projeto — é que essa relação entre cientistas e jornalistas se torne fluida e cada vez mais frequente, e, em médio prazo, que ela possa efetivamente passar a fazer parte da cultura do jornalismo e da ciência.