No Distrito Federal, os filhos são apontados como os principais agressores de idosos atendidos num centro de referência dedicado a esses pacientes. Na maior parte dos casos, 56%, a negligência é o tipo de violência registrada, seguida pela psicológica (29%). A violência física é a menos comum, observada em 8% dos agredidos.
Com o título Perfil do agressor de pessoas idosas atendidas em um centro de referência em geriatria e gerontologia do Distrito Federal, a pesquisa foi conduzida por uma equipe liderada por Neuza Moreira de Matos, professora do departamento de Enfermagem da Universidade Católica de Brasília, e publicada em fevereiro na “Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia”.
Além de analisarem os documentos que registraram 111 casos de violência contra idosos num período de onze anos, de 2008 a 2018, os pesquisadores contaram também com informações colhidas durante reuniões de mediação de conflitos com familiares da vítimas. “O resultado da pesquisa é importante para ajudar profissionais da saúde a terem um olhar mais sensível para o cuidador do idoso e também ajudar esse profissional a identificar o idoso mais suscetível a sofrer violência”, comenta Matos a importância do estudo.
Maioria dos agressores é homem
Segundo a cientista, que trabalha nessa linha de pesquisa há pelo menos dez anos, é comum que apenas um dos filhos do idoso, de uma família numerosa, assuma a função de cuidador. “A negligência ocorre, na maior parte dos casos, por que o cuidador está sobrecarregado. Ele pode ficar tão doente quanto o idoso em questão”, analisa Matos.
Dos 111 casos considerados no estudo, 72% dos agressores eram os próprios filhos, a maioria (62%) homens. Já as pessoas idosas agredidas eram majoritariamente mulheres (72%), com idade entre 81 a 90 anos.