8 de março de 2024 Salvar link Foto: rawpixel.com / Freepik
Economia e AdministraçãoMulheres no mercado financeiro são tão confiantes quanto seus pares homens na hora de recomendar investimentos
Mulheres que atuam no mercado financeiro são tão confiantes quanto seus pares homens na hora de recomendar investimentos

Highlights

  • Pesquisa brasileira contraria visão de que mulheres que atuam no mercado financeiro são menos autoconfiantes do que os homens na mesma posição
  • Analistas do sexo feminino se mostraram tão otimistas quanto seus pares homens ao recomendar o investimento em ações
  • Analistas sugerem mais transações de compra do que de venda a investidores

Mulheres que trabalham como analistas no mercado acionário tendem a ser tão autoconfiantes e otimistas quanto os homens na hora de recomendar investimentos, ou seja, optam por sugerir com mais frequência a compra do que a venda ou a manutenção de ações que acompanham. Na contramão do que está previsto na literatura sobre o assunto nos últimos 20 anos, as analistas de mercado no Brasil mostraram comportamento mais otimista e com menor aversão ao risco – prática comumente associada aos seus pares do gênero masculino. Os apontamentos são de estudo de pesquisadores da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP) publicado nesta sexta (8) na “Revista de Administração de Empresas”.

A pesquisa foi realizada entre os anos de 2009 e 2021, com quase 7,5 mil recomendações de analistas, do sexo masculino e feminino, de Equity Research, que são profissionais que atuam no mercado elaborando relatórios e recomendações, especialmente para ações na Bolsa de Valores. O objetivo era testar empiricamente teorias que apontavam influência de gênero no mundo corporativo, predominantemente formado por homens.

As recomendações feitas por mulheres correspondem a menos de 13% da amostra analisada pela FGV EAESP. Embora representem minoria neste mercado corporativo, as analistas tenderam a ser mais autoconfiantes e otimistas do que previam estudos anteriores e tiveram comportamento similar aos pares do sexo masculino ao recomendar compra de ações. “Se você pegar do total de recomendações, cerca de 53% são de compra, ou seja, otimistas. Só 8% são de venda e de 38% a 39% são recomendações de manutenção, ou seja, neutras. Você tem claramente um viés otimista, com a grande participação de recomendações de compra’’, explica uma das autoras do estudo, Alexandra Strommer.

O comportamento otimista foi encontrado tanto entre analistas homens quanto entre mulheres. Uma possível explicação para o comportamento tímido em sugerir vendas, 8%, poderia ser motivado por um temor das analistas em se indispor com as empresas em questão. A princípio, as mulheres pareciam mais relutantes que os homens em recomendar a venda das ações que acompanham, mas o efeito desapareceu quando se ajustou a análise para levar em conta o setor de cobertura. “As mulheres da amostra estavam mais concentradas na cobertura de setores específicos, como consumo, por exemplo. Quando a gente fez esse controle, realmente o efeito de gênero desapareceu”, explica a pesquisadora. Portanto, a possibilidade de mulheres recomendarem menos a venda de ações para não confrontar as empresas não condiz com a realidade, visto que, no estudo, elas se mostram tão propensas aos riscos quanto os homens.

O resultado do estudo brasileiro é considerado significativo tanto para a literatura acadêmica, que inferia menos otimismo e confiança às mulheres, quanto para quem atua no mercado oferecendo ou recebendo sugestões de investimentos.

Os pesquisadores acreditam que o próximo passo a ser analisado é o perfil de mulheres que ocupam cargos estratégicos e de nível hierárquico mais elevado. A ideia é saber se analistas diretoras ‘’seriam mulheres com perfil um pouco mais agressivo ou um pouco mais parecido, digamos, com seus pares homens. Seria interessante testar se existe realmente esse efeito’’, conclui Strommer.

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Fonte: Agência Bori

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Publicado na Bori em 8/3/2024, 23:45