17 de março de 2020 Salvar link Foto: JANKO FERLIC / UNSPLASH
Medicina e Saúde

Highlights

  • Estudo entrevistou mães de 29 a 41 anos responsáveis por crianças diagnosticadas com câncer
  • O objetivo foi identificar as sobrecargas vivenciadas pelas mães na rotina de cuidado do filho
  •  A doença pode infligir à mãe sobrecargas em vários âmbitos, como social, moral, física, financeira e emocional

 

Após investigar as situações pelas quais passam rotineiramente mães de pacientes de um hospital de referência em oncologia pediátrica na capital paulista, pesquisadoras da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein observaram diferentes tipos de sobrecarga atribuídas à jornada dos seus filhos, desde o diagnóstico ao tratamento: social, moral, física, informacional, familiar, financeira e emocional. É o que aponta o estudo de 13 de março na “Revista de Enfermagem da USP.”

Foram selecionadas seis mães com idade entre 29 e 41 anos, responsáveis por crianças diagnosticadas com câncer. A amostra seguiu rigorosamente os padrões metodológicos científicos. As pesquisadoras as acompanharam e entrevistaram para compreender se elas próprias identificavam alguma sobrecarga no cuidado com os filhos e a que ela seria atribuída. “Essas mães têm muita dificuldade de assumir que estão sobrecarregadas ao cuidar do filho, muito provavelmente pela culpa que costuma acompanhar o reconhecimento disso. Elas precisam de muito suporte da família, da enfermagem e de toda uma equipe multidisciplinar de saúde”, conta a pesquisadora Aretuza Cruz Vieira, autora do artigo. De acordo com ela, “há pouco entendimento na literatura científica e mesmo na rede de atendimento da sobrecarga vivida pelas mães no contexto do adoecimento do filho por câncer, que difere do estresse”.

Segundo Vieira, o conceito de sobrecarga se refere aos aspectos objetivos relacionados às condições físicas e mentais, mas também a aspectos subjetivos, que envolvem sentimentos negativos induzidos pelo próprio cuidador no ato do cuidado. “Vários fatores de estresse podem gerar sobrecarga. Identificar esses fatores e como eles acarretam sobrecargas de diferentes naturezas pode nos ajudar a transformar a realidade da maternidade em meio ao tratamento oncológico. Avaliar cada sobrecarga e suas necessidades particulares em grupo e em sociedade é promover a saúde de forma global”, acredita.

A sobrecarga física, por exemplo, manifesta-se, de acordo com o relato das mães, como fadiga do corpo relacionada ao processo de cuidado e à reprodução contínua da mesma rotina de acordar muito cedo e não voltar para casa por meses, já que muitas famílias precisam se mudar para ter acesso ao tratamento. Já a sobrecarga social, ainda de acordo com as entrevistas e a avaliação das pesquisadoras, foi descrita pelas mães como resultado de uma série de mudanças abruptas nas relações na vida familiar e na rotina hospitalar. Para Aretuza Cruz Vieira, o estudo pode levar a estratégias que facilitem a vida das mães ao longo da jornada de seus filhos pelo tratamento oncológico. “A responsabilidade pela saúde das crianças não é somente da mãe, mas de todos nós”, defende.

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Fonte: Agência Bori

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Publicado na Bori em 17/3/2020, 12:00 – Atualizado em 21/2/2021, 13:37