30 de agosto de 2023 Salvar link Foto: Tim Samuel / Pexels
Alimentosalimentos ultraprocessados

Highlights

  • Pesquisa examinou presença de nutrientes críticos em excesso nos alimentos, como sódio, gorduras e açúcares livres, e de aditivos que realçam cor, sabor ou textura
  • Aditivos cosméticos estão em 82% dos itens ultraprocessados e nutrientes críticos, em 97% deles
  • A análise combinada desses critérios pode facilitar a implementação de legislações sobre rotulagem, taxação, publicidade alimentar e venda nas cantinas escolares

Pensando em estimular uma relação mais saudável das pessoas com a alimentação, pesquisadores mediram a presença de aditivos cosméticos e nutrientes críticos em alimentos ultraprocessados, como refrigerantes, biscoitos recheados e macarrão instantâneo. O estudo de equipe da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), em parceria com o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) da Universidade de São Paulo (USP) e com outras instituições nacionais, foi publicado na revista “Scientific Reports” na quarta (30).

Segundo o artigo, 97% dos alimentos classificados como ultraprocessados têm ao menos um nutriente crítico em excesso, como sódio, gorduras e açúcares livres, e 82% deles apresentam em sua composição aditivos cosméticos, usados para realçar a cor, o sabor ou a textura. No total, 99% dos ultraprocessados contam com pelo menos um desses ingredientes.

A pesquisa avaliou quase 10 mil alimentos embalados disponíveis em supermercados de São Paulo e de Salvador. Os itens foram divididos em quatro grupos diferentes de acordo com a classificação NOVA – método que mostra a qual grupo um alimento pertence a partir da extensão e do propósito de processamento. “Os resultados reforçam o quanto a formulação teórica do sistema NOVA é clara e possível de ser usada para as normas e os regulamentos sobre alimentos”, explica Daniela Canella, pesquisadora da UERJ e autora principal do artigo.

Ana Paula Martins, pesquisadora do Nupens e colaboradora do estudo, diz que os dados podem fazer a diferença na formulação de políticas públicas, legislações e em decisões taxativas sobre os alimentos. “Entendemos que esses resultados podem facilitar a adoção de políticas alinhadas às recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira”, comenta a pesquisadora, se referindo ao instrumento formulado pelo Ministério da Saúde para estimular uma alimentação mais saudável no Brasil.

É importante facilitar a identificação e a compreensão desses alimentos pelo consumidor, e algumas medidas podem facilitar as decisões de compras em frente às prateleiras dos supermercados. “Regras mais específicas sobre os alimentos modificados quimicamente e a precificação adequada podem ajudar as pessoas a diferenciarem uma bebida pronta para o consumo, um néctar com muito açúcar, de um suco de verdade”, comenta Martins.

Os resultados podem ser usados ainda em programas de rotulagem para que as pessoas consigam fazer escolhas mais saudáveis e para entender quais alimentos devem receber uma tributação maior em comparação àqueles que deveriam ter subsídios. “Queremos valorizar o quanto essa classificação é relevante para as políticas públicas e entender como aplicar em diferentes contextos, como a regulamentação dos produtos vendidos em cantinas e a publicidade de alimentos”, reforçam as pesquisadoras.

O objetivo final da equipe é contribuir para a promoção da alimentação saudável e para a facilitação de uma alimentação mais consciente no Brasil e no mundo. Assim, o grupo planeja continuar avaliando as ideias propostas pelo artigo e realizar comparações com as novas regras sobre rotulagem que devem entrar em vigor a partir de outubro de 2023.

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Fonte: Agência Bori

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Publicado na Bori em 30/8/2023, 23:45 – Atualizado em 11/9/2023, 18:48