Foto: Dabbetularz / Depositphoto
Publicado na Bori em 20/9/2022, 11:06

Por Sabine Righetti*

A gente já contou aqui no blog que o impacto de uma pesquisa na vida das pessoas e a dimensão pública do tema que o trabalho científico aborda estão entre os nossos critérios-chave para selecionar artigos científicos para antecipar à imprensa de maneira explicada. E, aí, novas reflexões com a participação de brasileiros sobre a varíola dos macacos (monkeypox) não poderiam ficar de fora.

Nesse contexto, em agosto, a gente mapeou e antecipou à imprensa cadastrada na Bori — com contato dos autores — um trabalho sobre como a estigmatização dos pacientes de varíola dos macacos poderia atrapalhar o tratamento — como aconteceu, há décadas, com o HIV/Aids.

A reflexão teve a participação de cientistas de Lisboa (Portugal) e da UFBA (Universidade Federal da Bahia), e foi publicada na “Revista Brasileira de Enfermagem” (REBEn), periódico indexado na biblioteca eletrônica SciELO, parceiro da Bori. Foi o estudo com maior repercussão na imprensa daquele mês.

Para se ter uma ideia, a Bori antecipou, em agosto, 15 trabalhos científicos à imprensa cadastrada — entre estudos acadêmicos explicados e artigos de opinião inéditos de cientistas. Teve estudo, por exemplo, sobre declínio de borboletas e abelhas, insegurança alimentar e demanda por habeas corpus ao STF. Isso dá uma média de um trabalho de cientista brasileiro a cada dois dias antecipado à imprensa de todo o país.

A reflexão sobre a estigmatização de pacientes de varíola de macacos publicada na REBEn teve mais de 50 menções na imprensa imediatamente após a sua publicação — o nosso recorde no mês, de acordo com a análise da Natália Flores, nossa gerente de conteúdo. Um monte de gente, do país todo, ficou sabendo desse artigo.

Teve reportagem sobre o estudo em veículos como Agência Brasil, Revista Galileu e jornais O Povo (Ceará) e A Crítica (Amazonas). E olha que estamos falando apenas das menções ao estudo na imprensa escrita disponíveis na internet. Ou seja: rádios e TVs ficam de fora da contagem.

O trabalho antecipado à imprensa pela Bori é um dos principais artigos publicados sobre monkeypox de cientistas brasileiros até agora. Em levantamento que eu e Estêvão Gamba, cientista de dados da Bori, fizemos — e que publicamos na Folha de S.Paulo –, vimos que cientistas brasileiros assinaram seis artigos científicos sobre o tema até agora.

Historicamente, o Brasil tem 29 publicações sobre a varíola dos macacos —com o primeiro artigo publicado em 2000. Agora, em 2022, pesquisadores brasileiros publicaram mais sobre o tema do que nos últimos cinco anos (de 2017 a 2021) somados. O número de artigos científicos de brasileiros sobre o assunto —trabalhos acadêmicos revisados e públicos— dobrou em relação ao ano passado.

Há participação de cientistas brasileiros em estudos sobre varíola dos macacos com foco na Europa e em países como o Paquistão. Poucos trabalhos, no entanto, são centrados no cenário nacional —o que pode estar relacionado à falta de recursos públicos específicos para o tema.

Se você, cientista, tiver um trabalho científico aprovado para publicação sobre varíola dos macacos, não deixe de enviar para a Bori para antecipação para a imprensa de maneira explicada. Dá para fazer isso diretamente pelo nosso site. Como vimos, o impacto e a dimensão pública desse tema despertam grande interesse da mídia e das pessoas — e a varíola dos macacos continuará sendo um assunto relevante por bastante tempo.

 

*Jornalista co-fundadora da Bori, pesquisadora e professora no Labjor-Unicamp. O texto traz dados levantados com Estêvão Gama (cientista de dados da Bori) e com Natália Flores (gerente de conteúdo da Bori)