Publicado na Bori em 19/12/2022, 7:49 – Atualizado em 19/12/2022, 8:18

Por Natália Flores* e Fernanda Quaglio De Andrade**

Fazem parte da lista dos mais repercutidos pela imprensa brasileira estudos de pesquisadores da FGV-EAESP, PSI e Lagom Data, UFPA, Unicamp e INMA 

 

A ciência brasileira tem potencial para diagnosticar e mostrar caminhos para o enfrentamento de problemas que afetam a vida da nossa população. Com essa prerrogativa, em 2022 a Bori levou quase 170 pesquisas científicas inéditas e explicadas para redações jornalísticas de todo o país, que repercutiram em mais de 300 veículos Brasil afora. As cinco pesquisas da Bori com maior número de repercussões deste ano são um termômetro do que tem interessado à imprensa – e vão de temas tecnológicos, como o uso de jogos e aplicativos por crianças, até biologia de conservação de espécies de abelhas.

Os top cinco da Bori reuniram de 60 a mais de 180 reproduções em veículos como Agência Brasil, Folha de S. Paulo, Correio Popular (SP), Valor Econômico, GaúchaZH (RS), Diário do Comércio (MG), Folha de Dourados (MS), Metrópoles (DF), O Povo (CE), Jornal Pará (PA), A Gazeta (ES) e Diário de Pernambuco (PE) – e tantos outros.

A discussão sobre a responsabilidade de plataformas da internet na proteção de dados de usuários mirins, ainda incipiente no Brasil, foi pautada na imprensa por estudo de pesquisadores da FGV-EAESP e da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), publicado na revista Cadernos Ebape, parceira da Bori. Pesquisa com maior repercussão de 2022 da Bori, ela revela que apenas um entre dez pais lê termos de jogos e aplicativos usados pelas crianças – e que a maioria dos tutores relativiza o papel das plataformas nesta questão. O assunto se tornou urgente principalmente no contexto pandêmico, em que houve um aumento do uso desses aplicativos por crianças.

Estudos que mapeiam as consequências da pandemia de Covid-19 têm interessado bastante a imprensa. Na esteira dessa demanda está o segundo lugar em número de repercussões da Bori: o primeiro levantamento de mortes de profissionais de saúde durante a pandemia de Covid-19, feito pela Internacional de Serviços Públicos (PSI) e Lagom Data. Os dados inéditos de que mais de 4.500 profissionais de saúde pública e privada morreram em 2020 e 2021 – e que oito a cada dez mortes eram de mulheres – viraram matéria na Folha de S. Paulo, O Povo, Metrópoles, Valor Econômico, Revista Galileu e Nexo Jornal, e serviram de base para discussões trabalhistas de reparação a famílias impactadas por essas mortes, o que a assessora de imprensa, Soraya Aggege, relata no nosso blog.

Para além da Covid-19, as doenças crônicas também merecem espaço na imprensa – ainda mais quando afetam populações invisibilizadas. Esse é o caso do estudo que conquistou o terceiro lugar nos recordes de repercussão de antecipados da Bori, que identifica o surgimento de diabetes tipo 2 e obesidade em grupos indígenas da região do Xingu e do polo de Marabá, no sudoeste do Pará. Feito por pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA), ele foi publicado em maio na revista parceira da Bori “Genetics and Molecular Biology”. Esse estudo repercutiu tanto localmente, em veículos como Portal Amazônia, Jornal Pará, Roma News e AM Post, quanto em veículos de fora da região, como Agência Brasil, Diário de Três Lagoas e O Povo, o que mostra que estamos levando pautas amazônicas para outros cantos do país.

Nem só de diagnóstico vive a ciência brasileira. A ciência básica pode trazer, por exemplo, novas perspectivas para o tratamento de doenças e condições de saúde. As descobertas mais recentes do Laboratório de Neuroproteômica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) sobre a interação de canabinóides com nosso sistema nervoso vão nessa direção, abrindo caminhos para se explorar tratamentos inovadores de doenças como Alzheimer, esclerose múltipla, depressão e esquizofrenia. A pesquisa, antecipada para jornalistas em maio, conquistou o quarto lugar de estudos da Bori com maior repercussão na imprensa em 2022 – apesar de trazer resultados iniciais.

Por fim, mas não menos importante, no quinto lugar de estudo mais repercutido neste ano está a pauta da biopirataria digital como ameaça à conservação de abelhas brasileiras – levantada por pesquisador do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA). A pesquisa, publicada na revista científica “Insect Conservation and Diversity”, e antecipada à imprensa pela Bori em junho, mapeou os principais sites e regiões do Brasil de vendas ilegais de ninhos de abelhas sem ferrão. Após sua divulgação, vários desses sites foram derrubados – e sua ampla repercussão colocou o problema da biopirataria em destaque nas discussões do Congresso Nacional, segundo relata o autor do estudo.

 

Top 5 estudos com mais repercussão na imprensa em 2022

1º lugar – Nove em cada dez pais não leem termos de jogos e aplicativos usados pelas crianças(FGV/EAESP/ publicado na revista “Cadernos Ebape”)

2º lugar – Mais de 4.500 profissionais de saúde morreram por Covid-19, revela estudo inédito (PSI, Lagom Data/ relatório)

3º lugar – Diabetes e obesidade crescem entre indígenas no Pará (UFPA/ publicado na revista “Genetics and Molecular Biology”)

4º lugar – Canabinóides podem ter papel essencial no tratamento de doenças neurológicas(Unicamp/ publicado na revista “European Archives of Psychiatry and Clinical Neurosciences”)

5º lugar – Pesquisa revela biopirataria digital como ameaça à conservação de abelhas brasileiras(INMA/ publicado na revista “Insect Conservation and Diversity”)

 

 

*Gerente de conteúdo da Bori

**Assistente de pesquisa na Bori em iniciação científica e aluna de ciências biológicas na Unicamp.